O general da reserva Antônio Carlos: a estratégia dele é dizer que foi escanteado por Bolsonaro. Foto: reprodução

A tensão envolvendo o general da reserva Antônio Carlos aumentou após a prisão do também general Paulo Sérgio, ocorrida no último sábado (14). Ambos, ex-ministros do governo Jair Bolsonaro (PL), estão indiciados pela Polícia Federal (PF) no inquérito que investiga a tentativa de golpe de Estado.

Aliados de Antônio Carlos, que ocupou o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), destacam que o militar adotou uma postura diferente da de Paulo Sérgio desde que foi alvo de uma operação de busca realizada pela PF no início do ano.

Segundo esses aliados, Antônio Carlos optou por manter discrição, enquanto Paulo Sérgio buscou informações relacionadas à delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, conforme informações da colunista Bela Megale, do Globo.

Militares próximos a Antônio Carlos acreditam que uma prisão preventiva do general é pouco provável. No entanto, avaliam que as chances de ele ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) são altas. A idade avançada do general, de 77 anos, pode ser um fator considerado em uma eventual decisão sobre prisão.

Bolsonaro tenta jogar trama golpista para militares - 30/11/2024 - Poder - Folha
Os generais Antônio Carlos e Paulo Sérgio eram dois dos principais aliados de Jair Bolsonaro (PL) na Presidência da República. Foto: Mateus Bonomi

Na defesa apresentada no processo, a estratégia de Antônio Carlos é argumentar que ele teria perdido influência no governo quando Jair Bolsonaro se aproximou do centrão em 2021. O episódio da paródia “se gritar pega centrão, não fica um, meu irmão”, atribuída a Antônio Carlos, teria enfraquecido sua posição na cúpula do Palácio do Planalto.

De acordo com o relatório final da PF, Antônio Carlos teve um papel de destaque no planejamento e execução de ações para “desacreditar o processo eleitoral brasileiro e subverter o regime democrático”. O documento inclui anotações de próprio punho, atribuídas ao general, que sugerem estratégias para não cumprir decisões judiciais.

Entre as provas reunidas, uma agenda de Antônio Carlos continha orientações manuscritas relacionadas a ataques à credibilidade das urnas eletrônicas. A PF também apontou que o grupo golpista planejava criar um “gabinete de gestão de crise”, que seria comandado por Antônio Carlos e Paulo Sérgio, após a prisão ou execução do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

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Last Update: 18/12/2024