A cada dia as candidaturas eleitorais que pleiteiam a sucessão norte-americana apresentam novos capítulos e episódios, todos demonstrando muito claramente a identidade e o alinhamento de propósitos de Kamala Harris (Democrata) e Donald Trump (Republicanos) naquilo que é decisivo e fundamental, ou seja, que os dois respondem de forma uníssona aos interesses do imperialismo, vale dizer, a política genocida e de guerra total contra os povos oprimidos de todo o mundo.
Durante seu discurso no quarto dia da Convenção Nacional Democrata, em Chicago, na última quinta-feira, dia 22, a candidata do partido enfatizou sua intenção de “fortalecer, não abdicar de nossa liderança global”. Harris disse ainda que Washington “permanecerá forte com a Ucrânia e nossos aliados da Otan”,
A troca de farpas entre as duas candidaturas imperialistas assumiram um tom mais agudo nesses últimos dias, particularmente no que diz respeito às posições de ambos sobre a guerra na Ucrânia.
A candidata identitária, apoiada por amplos setores da esquerda mundial, afirmou que o republicano Donald Trump havia “encorajado” Moscou ao supostamente dizer que “a Rússia poderia ‘fazer o que quiser’ cinco dias antes” do início da operação militar russa, em fevereiro de 2022.
Por sua vez, Trump declarou, na última quarta-feira, dia 22, em discurso na Carolina do Norte, que Harris havia se encontrado com o presidente russo três dias antes de a crise na Ucrânia se transformar em conflito aberto, com a entrada das tropas russas em território ucraniano. Ele teria dito que: “Você acha que ela fez um bom trabalho? Ela se encontrou com Putin para dizer a ele ‘Não faça isso’, e três dias depois ele atacou”.
Nesse espetáculo circense que as duas candidaturas anti-russas vêm protagonizando, obviamente buscando impressionar o eleitorado norte-americano, numa espécie de competição para ver quem é mais direitista e hostil ao governo de Moscou, o Kremlin ressaltou – muito acertadamente – que “nenhum dos candidatos mudaria significativamente a política antagônica de Washington em relação a Moscou”.
Se o agora semi-aposentado Biden é o “senhor da guerra”, a escolhida dos democratas para concorrer à ocupação da cadeira presidencial norte-americana, caso seja vitoriosa na eleição de novembro próximo, já pode ser chamada de “senhora da guerra”, tamanho o seu empenho em enfatizar a continuidade da política belicista dos Estados Unidos em todos os conflitos onde está, direta e/ou indiretamente envolvido, seja como protagonista direto, seja como apoiador e fornecedor de armas, como na Ucrânia contra os russos; na Palestina para o massacre de civis, e nas provocações aos países que não se curvam aos ditames do do Departamento de Estado, como na América Latina (Cuba, Venezuela, Nicarágua, Honduras, etc) e no continente africano, onde vem tentando – junto com o imperialismo europeu – recolonizar o continente, encontrando, todavia, uma forte e implacável resistência dos governos nacionalistas da região (Mali, Níger, Burkina Faso, Gabão), apoiados na mobilização social das massas.
Em nome de uma política estúpida, sem conteúdo e desconsiderando o aspecto mais importante da luta de classes internacional do momento – que é o enfrentamento ao imperialismo – amplos setores da esquerda mundial, da América Latina à Europa e dentro do próprio EUA, vêm adotando a postura suicida de chamar o voto em Kamala Harris (o tal voto no ‘mal menor’, como se a candidata Democrata representasse qualquer mínima diferença em relação ao republicano direitista Trump). Se há alguma diferença, com certeza é para pior, pois Harris e seu partido são apoiados diretamente pelo setor de ponta do imperialismo, as grandes corporações que representam a guerra, a manipulação escancarada da informação, a financeirização e especulação da economia mundial, etc.