Em pronunciamento oficial, o dirigente Dr. Abdul Rahman Shadid, membro do birô político do Hamas, denunciou os desdobramentos da agressão sionista contra a Faixa de Gaza, classificando a situação como “uma das piores catástrofes humanitárias dos tempos modernos”. Em tom firme, Shadid responsabilizou diretamente o regime sionista e seus aliados pelo genocídio em curso contra o povo palestino, destacando o bloqueio criminoso, o uso da fome como arma de guerra e o colapso total das estruturas básicas de sobrevivência na região.
O líder palestino alertou para o estágio atual da crise humanitária, afirmando que “Gaza entrou numa fase de fome completa, e a desnutrição severa se espalha, especialmente entre crianças e recém-nascidos”. Ele ressaltou que o cerco sionista impede a entrada de alimentos, medicamentos e ajuda de emergência, levando ao colapso do sistema de saúde e à morte por inanição. “As crianças estão morrendo por falta de leite, não apenas por bombas. Esta é uma tentativa deliberada de exterminar a vida em Gaza por todos os meios possíveis”.
Shadid afirmou que o enclave palestino foi convertido em “uma prisão aberta, onde a vida é assassinada lentamente pela fome e pela doença, num genocídio metódico diante do silêncio cúmplice da comunidade internacional”. Segundo ele, mais de um milhão de crianças sofrem com fome diária, e dezenas de milhares já apresentam quadro de desnutrição grave. Os hospitais, além de alvos dos bombardeios, não têm combustível, medicamentos ou capacidade de operação.
A denúncia foi além da situação sanitária. O dirigente palestino denunciou que o regime sionista viola os acordos de cessar-fogo, sabotando qualquer possibilidade de trégua. “A ocupação continua seu golpe sangrento contra os acordos de cessar-fogo e insiste em sua guerra aberta contra a vida”, afirmou. Para Shadid, o governo de Netaniahu age sob cobertura dos Estados Unidos, que têm sido o principal pilar da campanha de extermínio: “Netaniahu comanda diretamente os bombardeios, a fome e a privação de água com o aval total do governo norte-americano”.
De forma incisiva, o líder do Hamas acusou o premiê sionista de manipular a questão dos soldados capturados em Gaza. “Netaniahu rejeitou nossa proposta de cessar-fogo e troca de prisioneiros. Ele prefere prolongar a guerra mesmo à custa da vida dos seus próprios soldados, que usa como peões em sua agenda política”, denunciou. A proposta mencionada por Shadid incluía cessar-fogo permanente, retirada completa da ocupação, entrada de ajuda humanitária irrestrita e um comitê independente para administrar Gaza com base em proposta egípcia — todos rejeitados por “Israel”.
Segundo o dirigente, a ocupação insiste em “dividir os temas” e se recusa a encerrar a agressão, optando por “políticas de assassinato, fome e destruição”, o que demonstra, segundo ele, que os soldados do exército sionista não passam de instrumentos sacrificáveis para Netaniahu. “O sofrimento dos soldados é explorado, e suas famílias ignoradas. O primeiro-ministro sabe que a continuidade da guerra só amplia as perdas em todos os níveis, mas continua a escolher o caminho do massacre”.
Além da denúncia militar, Shadid fez um forte apelo às nações árabes e islâmicas, acusando os governos da região de omissão diante do genocídio. “Apelamos aos governos árabes e islâmicos que ainda não cumpriram seu dever mínimo para deter o massacre e a fome impostos a mais de dois milhões de palestinos”. Ele exigiu o rompimento total de relações diplomáticas com a entidade sionista, a expulsão de embaixadores e o uso de instrumentos econômicos e comerciais como forma de pressão.
O líder do Hamas denunciou ainda a política de normalização mantida por diversos países árabes, chamando de “vergonhoso” o fato de que “a bandeira nazista de ‘Israel’ ainda tremule em algumas capitais árabes e islâmicas”. Segundo ele, essa normalização se converte em cumplicidade direta com o extermínio, diante da recusa da entidade sionista em permitir a entrada de ajuda humanitária e da continuidade da agressão mesmo após propostas concretas de trégua.
Shadid também comentou a situação na Cisjordânia e em Jerusalém, apontando que a ofensiva sionista vai além de Gaza. “Na Cisjordânia e em Jerusalém, as agressões seguem com incursões diárias, demolições, expulsões forçadas e ataques sistemáticos conduzidos por forças de ocupação e milícias de colonos”. Ele destacou os ataques contra a Mesquita de Al-Aqsa e as restrições crescentes contra os palestinos na Mesquita de Ibrahimi, em Hebron, como parte da política de “judaização” dos locais sagrados muçulmanos.
Shadid também exaltou a resistência armada conduzida pelas Brigadas Al-Qassam, pelas Brigadas Al-Quds e pelos demais grupos que lutam contra a ocupação. “A resistência em Gaza impôs uma guerra de desgaste ao inimigo. Apesar dos massacres e do cerco, temos conseguido desmoralizar o exército da ocupação, que não obtém nenhuma conquista real no campo de batalha”, afirmou. “O fronte interno da resistência está coeso, com vontade de aço, mantendo a iniciativa e demonstrando que Gaza é, acima de tudo, uma equação de dignidade”.
O dirigente palestino defendeu a intensificação das mobilizações populares em todos os países. “Convocamos movimentos populares, de direitos humanos e a imprensa combativa a transformar sua solidariedade em uma força permanente de pressão contra a entidade sionista”. Ele elogiou a decisão do governo espanhol de interromper o envio de armas para “Israel”, e pediu que outros países façam o mesmo.
Por fim, Shadid reafirmou que o povo palestino seguirá firme diante da agressão. “Nosso povo não se renderá, mesmo diante da fome e dos massacres. Gaza luta em nome de toda a nação árabe, de todos os que acreditam na verdade e na justiça”. Para ele, a unidade dos povos diante da agressão genocida é uma necessidade urgente: “Esta é uma luta de vitória ou martírio. Continuaremos com fé inabalável, até a libertação completa da nossa terra e dos nossos locais sagrados”.