O Hamas anunciou nesta quarta-feira (3) estar pronto para um acordo abrangente que preveja a libertação de todos os reféns israelenses em troca de prisioneiros palestinos, aliado ao fim da guerra em Gaza, à retirada completa das forças de ocupação, à abertura das passagens de fronteira e ao início imediato da reconstrução.

O comunicado incluiu ainda a possibilidade de criação de uma administração nacional independente de tecnocratas para governar o enclave.

“Estamos prontos para um acordo abrangente no qual todos os prisioneiros inimigos detidos pela resistência sejam libertados em troca de um número acordado de prisioneiros palestinos detidos pela ocupação”, diz o comunicado.

“Este acordo encerrará a guerra na Faixa de Gaza, resultará na retirada de todas as forças de ocupação de todo o território, abrirá as passagens de fronteira para permitir a entrada de todas as necessidades da Faixa de Gaza e iniciará o processo de reconstrução”, completa o grupo palestino.

O primeiro-ministro israleense, Benjamin Netanyahu, rechaçou a proposta como “mais jogo de cena” e “nada de novo”.

Segundo ele, a guerra só pode terminar mediante condições impostas por Israel: libertação de todos os reféns, desarmamento do Hamas, desmilitarização da Faixa de Gaza, manutenção do controle de segurança israelense e estabelecimento de um novo governo civil. O Hamas já declarou “repetidamente” que não abrirá mão de seu arsenal.

O ministro da Defesa, Israel Katz, afirmou que o Hamas deve escolher entre aceitar esses termos ou ver Gaza “se tornar o equivalente de Rafah e Beit Hanoun”, enquanto Bezalel Smotrich defendeu que o “resultado mínimo” da guerra inclua também uma zona de segurança e liberdade de ação para o Exército.

A pressão também do presidente norte-americano, que escreveu em sua rede social, o Truth Social, que o Hamas deveria “IMEDIATAMENTE devolver todos os 20 reféns”, e afirmou que, se isso ocorrer, “as coisas mudarão rapidamente” e a guerra “VAI TERMINAR!”.

O enviado especial Steve Witkoff tem defendido a libertação simultânea de todos os cativos vivos como pré-condição para negociações.

As declarações ocorrem em meio à preparação de Israel para uma ofensiva terrestre em larga escala contra a Cidade de Gaza, onde vivem cerca de um milhão dos dois milhões de habitantes do enclave.

Antes do comunicado, o Hamas já havia aceitado uma proposta mediada por Egito e Catar para um cessar-fogo em fases, começando com uma trégua de 60 dias e troca parcial de reféns. Israel, no entanto, rejeitou “acordos parciais” e aprovou um plano militar que prevê a convocação de 60 mil reservistas para ocupar a Cidade de Gaza.

Internamente, cresce a pressão contra Netanyahu. A Associação das Famílias dos Prisioneiros em Gaza, em um comunicado nesta quarta, convocou protestos massivos, acusando o governo de obstruir negociações enquanto o Hamas estaria mais empenhado em concluí-las.

Liran Berman, irmão de dois reféns, declarou que “o Hamas parece mais disposto a concluir o acordo e encerrar a guerra do que o governo de Israel”. O ex-chefe do Estado-Maior, Gadi Eisenkot, acusou Netanyahu de travar a negociação, lembrando que o premiê chegou a classificar famílias de prisioneiros como “brigadas fascistas”.

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Last Update: 04/09/2025