Após o cessar-fogo entrar em vigor às 4h no horário local do Líbano e Israel, a situação se mantém calma nesta quarta-feira (27). Não houve ataques israelenses ao território libanês, nem disparos do Hezbollah contra Israel. Um alto funcionário do Hamas saudou o compromisso e afirmou que o movimento islâmico palestino também está “pronto” para uma trégua com o exército israelense na Faixa de Gaza.

Moradores do sul do Líbano e da planície de Bekaa começaram a voltar para suas casas nesta quarta-feira, formando congestionamentos nas estradas, de acordo com a agência oficial libanesa Ani. Muitos deslocados ignoraram as advertências para que aguardassem autorização das autoridades. Em várias localidades do Líbano, pessoas saíram às ruas para celebrar o compromisso.

Desde as primeiras horas da manhã, o movimento se intensificou nas estradas a caminho do sul do país. No entanto, como o acordo prevê que Israel pode permanecer no território libanês ainda por mais 60 dias, o porta-voz das forças israelenses em idioma árabe informou que a população libanesa deve aguardar autorização para retornar.

Um dos pontos do acordo determina que o exército regular libanês deve assumir posições no sul do país enquanto as forças israelenses deixam o território durante o período de dois meses. Militares libaneses declararam que iniciaram os preparativos para realizar este deslocamento.

“O anúncio do cessar-fogo no Líbano é uma vitória e um grande sucesso para a resistência”, declarou à AFP, nesta quarta, um membro do gabinete político do Hamas. “Informamos os mediadores no Egito, Catar e Turquia que o Hamas está pronto para um acordo sério para a troca de prisioneiros”, acrescentou, acusando Israel de “obstruir qualquer compromisso”.

Biden agradece envolvimento da França

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou em Washington que Israel e Líbano aceitaram a proposta norte-americana de cessar-fogo. Ao comunicar a decisão, Biden também agradeceu ao presidente francês, Emmanuel Macron, pelo seu envolvimento nas negociações. Do Irã à China, a comunidade internacional elogia o compromisso encontrado.

Os confrontos entre o Hezbollah e Israel começaram em 8 de outubro do ano passado, no dia seguinte aos ataques do Hamas ao sul israelense. A milícia xiita libanesa passou a disparar contra Israel em solidariedade ao grupo palestino, que controlava a Faixa de Gaza.

Mais cedo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia declarado apoio ao cessar-fogo, argumentando que a partir disso Israel poderia se concentrar na guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza, e na ameaça do Irã.

Havia dúvidas em Israel sobre a votação interna no gabinete de segurança sobre a proposta. No final, ela foi apoiada por dez dos membros do gabinete, sofrendo oposição apenas do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.

No Líbano, a guerra deixou cerca de 3.700 pessoas mortas e mais de 15.500 feridos. A estimativa é que 1,3 milhão de pessoas tenham sido deslocadas de suas casas.

Em Israel, cerca de 60 mil pessoas foram deslocadas de suas casas. O extremo norte do país foi praticamente esvaziado. Setenta e oito israelenses foram mortos pelo Hezbollah.

Pontos do acordo

  • O exército israelense tem 60 dias para se retirar gradualmente do Líbano;
  • O Hezbollah também deve se retirar da fronteira sul com Israel e se deslocar para o norte do rio Litani;
  • As armas pesadas do Hezbollah devem ser removidas desta área;
  • O exército e as forças de segurança libanesas recuperarão posições do exército israelense e do Hezbollah;
  • O Líbano e Israel mantêm o direito à legítima defesa de acordo com o direito internacional, caso o cessar-fogo não seja respeitado;
  • O exército dos EUA fornecerá apoio técnico ao exército libanês em colaboração com o exército francês;
  • Um comitê militar constituído pelos exércitos de vários países fornecerá apoio adicional ao exército libanês, fornecendo equipamento, treinamento e financiamento;
  • Os Estados Unidos e a França aderirão ao mecanismo tripartite criado após a guerra de 2006, que reúne a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), Israel e o Líbano;
  • Este mecanismo, agora presidido pelos Estados Unidos, visa manter a comunicação “direta” entre as diferentes partes e permitir que “toda vez que seja constatada uma violação, especialmente uma violação grave”, o incidente seja “imediatamente tratado” para evitar uma escalada.

(Com AFP)

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Last Update: 27/11/2024