Em uma reunião recente sobre o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), alertou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), sobre o crescente isolamento político do chefe da equipe econômica do governo, conforme informou Tainá Falcão, da CNN Brasil.
Alcolumbre manifestou sua preocupação com a maneira como alguns setores do próprio Partido dos Trabalhadores (PT) têm tratado a gestão de Haddad, principalmente após o desgaste causado pelo decreto que aumentou a alíquota do IOF.
O senador mencionou uma “má vontade” por parte de dirigentes petistas e indicou que há uma percepção generalizada de que o ministro está sendo deixado isolado para lidar com a reação negativa da medida.
Líderes políticos interpretaram o alerta de Alcolumbre como uma crítica direta ao ministério das Relações Institucionais, comandado por Gleisi Hoffmann (PT), e ao deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do partido na Câmara. Ambos têm se mostrado resistentes a algumas das propostas econômicas defendidas por Haddad.
Tensões Crescem Dentro do Governo
A situação não é nova. Na quarta-feira (4), Alcolumbre e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), já haviam demonstrado preocupação com o isolamento político do ministro Haddad. O titular da Fazenda teria concordado com a avaliação dos parlamentares de que seu apoio dentro do governo está enfraquecido.
O tom da conversa se acentuou quando Motta, presente na reunião, fez duras críticas ao núcleo político do Palácio do Planalto, acusando-o de estar “acabando com o governo”. Segundo o presidente da Câmara, as divisões internas e a falta de progresso estão colocando em risco a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2026.
Mudança de Rumo e Novas Propostas Econômicas
Após as críticas recebidas, Haddad anunciou uma mudança em sua estratégia econômica. Em encontro com líderes da Câmara, o ministro informou que a compensação fiscal deixaria de se concentrar no aumento do IOF e passaria a ser baseada na tributação das apostas esportivas e na revogação da isenção sobre rendimentos de títulos de renda fixa.
O novo pacote de medidas proposto inclui uma recalibração do decreto do IOF, a edição de uma medida provisória com mecanismos de compensação fiscal, uma proposta de emenda constitucional para revisar benefícios tributários e um compromisso com a contenção e revisão de gastos primários. Todas essas iniciativas, no entanto, ainda dependem da aprovação do Congresso Nacional.
Silêncio do Palácio do Planalto e Reações Críticas
O silêncio do Palácio do Planalto diante da crise política também gerou especulações nos bastidores. Sem apoio explícito do presidente Lula, Haddad tem sido alvo de críticas tanto de empresários quanto de setores da base aliada. Questionada sobre o decreto do IOF, Gleisi Hoffmann afirmou que “não sabia detalhes” da medida. Por sua vez, Lula se limitou a afirmar que o ministro agiu no “afã de dar respostas à sociedade”.
O episódio expõe as tensões internas no governo e a crescente pressão sobre Haddad, que agora busca reverter a percepção de isolamento político e alinhar suas propostas com as demandas do Congresso e da base aliada. A situação também coloca em evidência as dificuldades enfrentadas pela administração de Lula em consolidar sua agenda econômica, com desafios políticos que podem impactar diretamente as eleições de 2026.