O ministro detalhou agendas importantes do governo em entrevista, afirmou que combater as desigualdades sociais no País é prioridade e disse que o marco regulatório do setor de mineração deve ser concluído neste ano

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta quarta-feira (27/8), que o tarifaço imposto pelos Estados Unidos “vai machucar um pouco”, mas o Brasil está em condições de enfrentá-lo com o Plano Brasil Soberano, o crescimento da economia, os empregos em alta e as reservas cambiais.

“Vai machucar um pouco? Vai, porque têm setores que exportam mais de 50% da sua produção pra lá [Estados Unidos], então, têm empresas que vão sofrer, mas diria que, de uma maneira geral, macroeconomicamente falando, acho que o Brasil está em condições de enfrentar”, disse em entrevista à TV Uol.

Em relação às negociações com os Estados Unidos sobre a imposição de tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras, ele disse que o governo adota uma postura proativa para abrir canais de diálogo e o mesmo tem sido feito pelo empresariado.

Questionado sobre a possibilidade de novas sanções econômicas dos Estados Unidos caso o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado no julgamento da ação penal que apura a tentativa de golpe de Estado no Brasil, Haddad respondeu que não há como prever, mas caso aconteça, o governo vai atuar para amenizar os impactos.

“Vamos fazer o que precisar fazer, não temos dívida externa, temos US$ 300 bilhões em reserva cambial, nossa economia está crescendo seguidamente, nossos desemprego está na mínima. Vamos cuidar, só não dá pra prever o que pode sair ali da cabeça do Trump (…) Estão inventando uma guerra que não existe e o Estado brasileiro tem que dar amparo aos agentes públicos, empresas e cidadãos brasileiro e garantir que a soberania e a economia brasileira serão protegidas”, disse o ministro.

Em relação ao Plano Brasil Soberano, anunciado no último dia 13 pelo Governo Federal para mitigar os impactos econômicos do tarifaço, Fernando Haddad afirmou que há medidas paliativas como o crédito emergencial e também medidas estruturais como os fundos garantidores.

O ministro citou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sempre teve obsessão por abrir novos mercados para o produto brasileiro, o que reduziu gradativamente a dependência do mercado dos Estados Unidos.

“Eles precisam de commoditie barata e o Brasil é fornecedor de commoditie barata. Você taxar carne, café, você vai arrumar outra freguesia, como já está acontecendo”, observou Haddad.

Marco da Mineração

O titular da Fazenda afirmou que o marco regulatório da mineração vigente no País está defasado e será atualizado ainda este ano. O assunto foi tratado em reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (27/8). Haddad ressaltou que a legislação é importante para que o Brasil agregue valor às terras raras.

“Não podemos fazer com as terras raras o que fazemos com o minério de ferro, você vende tudo praticamente sem agregar valor”, disse. E acrescentou “No caso dos minerais críticos, não podemos correr o risco de não agregar valor. Agora, não temos a tecnologia, poucos países têm, então temos que fazer parcerias”.

O ministro afirmou que o Brasil tem recursos naturais que interessam a qualquer país do mundo, como as terras raras pelas quais representantes do governo norte-americano demonstraram interesse.

“Tem algo que precisamos ficar de olho, o Brasil tem uma condição muito particular em relação a energia limpa barata, solar e eólica, a mais barata do mundo e abundante. O Brasil tem a terceira maior reserva de minerais críticos do mundo, só perde pra China e o Vietnã”.

“Uma pessoa que tentou comprar a Groenlândia [se referindo a Donald Trump] por causa de minerais críticos pode querer ter um governo amigo aqui para explorar uma neocolônia: vamos importar do pessoal ali os minerais sem refino e vamos refinar”, concluiu Haddad.

Combate às desigualdades

O ministro afirmou que é importante colocar o dedo na ferida do combate às desigualdades sociais no país e a reforma da renda é a cereja do bolo. Haddad afirmou que os mais reclamam de impostos são os que menos contribuem para a gestão do estado.

“É a primeira vez que estamos colocando o dedo na ferida. Olha, o Estado brasileiro está muito pesado para o trabalhador que está pagando imposto no consumo, pagando imposto de renda e, pro andar de cima, que reclama do Estado, o Estado está muito leve. No Brasil, os que reclamam do Estado são os que menos contribuem para a gestão do Estado. Então, estão reclamando de quê?”.

O ministro afirmou que se o objetivo é aliviar imposto sobre a da renda e o consumo do trabalhador, quem não colaborava vai ter que começar colaborar.

Harmonia entre os poderes

O cenário político brasileiro também foi tema da entrevista. Haddad avaliou que, a partir de 2024, o Brasil se perdeu um pouco na divisão e na harmonia dos poderes e o presidente Lula está conduzindo o reestabelecimento da institucionalidade.

“Estamos reconstruindo uma institucionalidade no Brasil, a democracia, o fortalecimento dos poderes, cada um no seu quadrado fazendo o trabalho que a Constituição determina. Apesar dos tropeços, que reconheço, penso que o presidente Lula tem sido o condutor de uma interlocução com os poderes no sentido de voltar para um padrão de comportamento institucional para produzir o melhor resultado para o País”, afirmou.

Publicado originalmente pela Agência Gov em 27/08/2025

Por Yara Aquino

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Last Update: 28/08/2025