Haddad diz que pobres sustentam ricos no Brasil: “Sociedade de ponta-cabeça”

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil vive uma inversão de prioridades atualmente, com pobres sustentando benefícios dos mais ricos. A declaração foi dada em palestra na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, nesta sexta (27).

Haddad diz que aceitou comandar a área econômica do governo federal com uma condição específica: garantir que o compromisso de colocar o pobre no orçamento e o rico no imposto de renda, prometido por Lula durante a campanha de 2022, fosse cumprido.

“Falei ‘está valendo o slogan da campanha?’. Ele disse ‘lógico que está’, então eu aceitei o cargo”, revelou Haddad. Ele revelou que o Ministério da Fazenda estima que R$ 800 bilhões são concedidos pelo Estado ao setor privado anualmente na forma de renúncias fiscais.

“Temos uma sociedade de ponta-cabeça em que a base da pirâmide sustenta o Estado e o topo da pirâmide não comparece com a sua justa parte”, prosseguiu. Ele ainda disse que, “historicamente, ajuste fiscal é sinônimo de supressão de direitos no Brasil”.

O ministro afirmou que a principal questão que precisa ser resolvida é quem, de fato, vai pagar a conta do ajuste fiscal. “Quando vamos chamar a turma da cobertura para pagar o condomínio, sabe o que acontece? O ajuste fiscal fica em segundo plano, não é mais interessante, e ninguém mais fala no assunto”, ironizou.

Fernando Haddad e o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB). Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

A declaração do ministro ocorre em um momento de tensão entre o governo federal e o Congresso Nacional em relação a questões econômicas. O Legislativo aprovou um medida que derrubou o decreto do governo sobre Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), que visavam aumentar a arrecadação para cumprir a meta fiscal.

O presidente Lula decidiu que vai entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para questionar a votação do Congresso. A Advocacia-Geral da União (AGU) afirmou que iniciou “uma avaliação técnica sobre as medidas jurídicas a serem adotadas para preservar a vigência do decreto” e que “solicitou informações ao Ministério da Fazenda para embasar os estudos”.

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