Em evento do Banco dos Brics, Haddad defende inclusão da taxação dos super-ricos como novo pilar do desenvolvimento sustentável

Durante o seminário “Desafios para o Financiamento do Desenvolvimento Sustentável no Sul Global”, parte da 10ª Reunião Anual do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a inclusão da taxação dos super-ricos como mais um pilar das políticas voltadas ao desenvolvimento sustentável. A proposta complementa os investimentos já realizados por bancos multilaterais em infraestrutura e na transição energética de países em desenvolvimento.

Haddad afirmou que há uma agenda internacional bem estabelecida, com temas como inovação tecnológica e mudança climática ganhando centralidade nos debates globais. No entanto, alertou que, se a questão da concentração de renda não for enfrentada, esses esforços correm o risco de se tornarem ineficazes. Ele lembrou que três mil famílias, em um planeta com 8 bilhões de pessoas, acumulam uma riqueza estimada em 15 trilhões de dólares.

O ministro associou o avanço da desigualdade à redução das alíquotas cobradas dos mais ricos desde os anos 1970 e 1980. Disse que os Estados nacionais vêm enfrentando restrições fiscais graves, agravadas por crises como a de 2008 e a pandemia, que desorganizaram profundamente as finanças globais. 

Segundo Haddad, é necessário ir além dos mecanismos tradicionais de financiamento. Ele defendeu que o NDB e outras instituições multilaterais incluam, em sua agenda, a reorganização das estruturas tributárias globais como um novo eixo de atuação. Para o ministro, esse pilar pode fortalecer as estratégias de combate à emergência climática, enfrentando ao mesmo tempo os efeitos da desigualdade extrema.

Durante sua fala, Haddad também destacou os desafios colocados pela inteligência artificial, que deve provocar transformações profundas no mercado de trabalho e na educação formal. A seu ver, o impacto dessa nova tecnologia exigirá uma reeducação em escala global, que exigirá novos financiamentos. 

Ao final, o ministro defendeu que a questão da desigualdade global seja tratada como um terceiro pilar nas discussões sobre o redesenho das instituições internacionais. Para ele, além da infraestrutura e da transição energética, o financiamento ao desenvolvimento sustentável precisa passar necessariamente por uma nova lógica tributária internacional, que enfrente de forma concreta o acúmulo extremo de riqueza nas mãos de poucos e ajude a financiar o desenvolvimento global com os pilares já definidos da transição energética. 

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Last Update: 04/07/2025