Durante a abertura da 1ª Reunião dos Ministros das Finanças e Governadores de Bancos Centrais do BRICS, realizada neste sábado (5) no Rio de Janeiro, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu a construção de um novo multilateralismo, centrado no desenvolvimento social, ambiental e econômico.

No final de 2024, o Rio de Janeiro sediou os principais encontros do G20 — quando lançamos a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, e nos unimos em defesa da tributação progressiva dos super-ricos. Já naquele momento, fizemos da defesa do multilateralismo uma marca da presidência brasileira. De lá para cá, essa defesa se tornou urgente. Não há solução individual para os desafios do mundo contemporâneo”, afirmou.

Segundo Haddad, o atual cenário de “policrise” global exige cooperação e respostas conjuntas. “A perspectiva de criar ilhas excludentes de prosperidade em meio à policrise contemporânea é moralmente inaceitável. Em vez disso, temos que encontrar soluções cooperativas para os nossos desafios comuns“, disse.

Multilateralismo do século XXI: uma nova globalização

Haddad defendeu a necessidade de renovar a lógica da globalização a partir de princípios mais justos. “Esse novo multilateralismo nada mais é do que uma ‘reglobalização sustentável’ — uma nova aposta na globalização, dessa vez baseada no desenvolvimento social, econômico e ambiental da humanidade como um todo“, pontou.

Segundo ele, o BRICS tem papel único nesse redesenho da governança global. “O BRICS tem origem no pleito de nossos países por maior peso no sistema financeiro internacional. Juntos, representamos quase a metade da humanidade, e estamos na vanguarda das indústrias que determinarão os rumos do desenvolvimento humano. O BRICS são a cara do futuro“, acrescentou.

Três eixos: economia, clima e justiça social

Segundo o ministro, a presidência brasileira nos BRICS estruturou sua agenda em três frentes interligadas: econômica, climática e social.

Na frente econômica, Haddad destacou esforços para facilitar o comércio, os investimentos e promover reformas no sistema monetário e financeiro internacional. “Avançamos também no diálogo intra-BRICS sobre parcerias público-privadas, tributação e aduanas, com especial atenção à tributação de indivíduos de altíssima renda.”

Na frente climática, o ministro mencionou o Tropical Forest Forever Facility, instrumento em construção para acelerar a transformação ecológica e que poderá ser anunciado durante a COP30. “Estou convencido de que o BRICS pode desempenhar um papel decisivo em sua criação.

No eixo social, Haddad apontou a mobilização de recursos para garantir segurança alimentar, proteção social e oportunidades econômicas.

BRICS ganha escala com novos membros

Haddad ainda comemorou o fortalecimento do bloco com a entrada de cinco novos países: Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã. “Estamos falando de alguns dos atores diplomáticos mais influentes do nosso tempo, de economias entre as mais dinâmicas do mundo e de potências demográficas e climáticas centrais para o desenvolvimento sustentável global. Com a presença desses países, o BRICS muda de dimensão.

Tributação dos super-ricos e reforma do FMI em pauta

O ministro destacou também duas entregas centrais da presidência brasileira nos BRICS: o apoio coletivo à criação de uma Convenção-Quadro da ONU sobre Cooperação Internacional em Matéria Tributária e a chamada “Visão do Rio de Janeiro para o FMI”.

Sobre a primeira, afirmou: “Trata-se de um passo decisivo rumo a um sistema tributário global mais inclusivo, justo, eficaz e representativo – uma condição para que os super-ricos do mundo todo finalmente paguem sua justa contribuição em impostos.”

Em relação ao Fundo Monetário Internacional, Haddad destacou a proposta de um FMI mais representativo e democrático: “Atuando juntos, nós podemos ampliar a voz dos países emergentes e em desenvolvimento no FMI. Podemos ainda promover uma governança mais justa e transparente dessa instituição.

Brasil reposiciona BRICS no centro da governança global

A reunião no Rio marca o início dos debates da Cúpula do BRICS, que segue até segunda-feira (7), com presença de chefes de Estado e lideranças econômicas dos 11 países-membros. Sob presidência brasileira, o bloco tem como prioridade impulsionar o debate sobre multilateralismo inclusivo, regulação da inteligência artificial, transição ecológica e financiamento ao desenvolvimento.

Para Haddad, o BRICS é o espaço natural para articular esse novo capítulo da cooperação internacional: “Nenhum outro foro possui hoje maior legitimidade para defender uma nova forma de globalização.

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Last Update: 05/07/2025