O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou uma postura moderada para tratar da mais recente alta da taxa básica de juros – a Selic –, promovida nesta quarta-feira 19 pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Em entrevista ao programa ‘Bom Dia, Ministro’, da Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), nesta quinta-feira 20, Haddad disse que o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, não poderia ‘dar um cavalo de pau depois que assumiu’. A expressão é idêntica àquela usada pelo presidente Lula (PT) no final de janeiro, quando tratou da primeira alta da Selic no ano.

“Você não pode, na presidência do BC, dar um cavalo de pau depois que assumiu, é uma coisa muito delicada”, afirmou Haddad em defesa do seu indicado ao comando do Banco. “O novo presidente e os diretores têm uma herança a administrar, assim como eu tinha uma herança a administrar depois de Paulo Guedes [ministro da Economia no governo Jair Bolsonaro]”, completou.

Na reunião finalizada na quarta-feira, o Copom elevou a taxa básica de juros do país de 13,25% para 14,25% ao ano. Essa é a quinta alta consecutiva da Selic, sendo a segunda desde que Galípolo substituiu Roberto Campos Neto na presidência da entidade monetária.

O Copom, para promover o aumento, citou o cenário econômico desafiador. Segundo a entidade, o atual patamar da Selic – o maior desde o período entre julho de 2015 e agosto de 2016 – é necessário pela conjuntura da economia dos Estados Unidos. Internamente, segundo a autoridade monetária, a economia brasileira apresenta sinais de diminuição do crescimento, com inflação acima da meta.

A alta já era esperada, assim como aquela que deverá vir da próxima reunião do Copom, em maio. “Penso que esse aumento estava ‘contratado’ pela última reunião do Copom do ano passado. Ainda sob a presidência do antigo presidente do BC, nomeado pelo Bolsonaro, você ‘contratou’ três aumentos bastante pesados na Selic”, afirmou Haddad na entrevista desta quinta-feira.

Ainda em defesa do comitê do BC, Haddad disse que os técnicos que integram o grupo “são qualificados” e “vão fazer e buscar o melhor pelo país”.

“Eles têm um trabalho a fazer”, lembrou Haddad. “O Executivo também tem trabalho a fazer, marco fiscal a cumprir. Vamos, esse ano, cumprir os nossos compromissos de meta. E o BC tem a meta de inflação [atualmente, em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5%] também, assim como eu tenho a meta fiscal a cumprir. São metas sempre exigentes, mas que temos que buscar”, finalizou o ministro.

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Last Update: 20/03/2025