O ministro da Fazenda Fernando Haddad cobrou, nesta sexta-feira 21, mais empenho de governistas e apoiadores do presidente Lula (PT) em torno do projeto que pretende isentar de imposto de renda quem ganha até 5 mil reais. O texto foi encaminhado ao Congresso Nacional, mas, diante de resistências, ainda não tem prazo para tramitar.
As declarações do ministro foram dadas durante uma entrevista ao vivo exibida pelo canal do YouTube do ICL Notícias.
“As outras reformas, a da Ditadura Militar e a da estabilização da moeda do Real, aumentaram a carga sem se preocupar com justiça. Essa aqui é o contrário, não estamos preocupados em aumentar a arrecadação, o princípio é manter o equilíbrio, mas fazendo mais justiça tributária. É [uma mudança] da água para o vinho”, avaliou Haddad. “E isso não está sendo, na minha opinião, suficientemente valorizado nem pelo nosso campo, que deveria estar pedindo para a coisa andar [no Congresso]“, cobrou, em seguida.
O ministro também indicou que o texto, além de estar sendo subvalorizado pela base do governo, não tramitou por uma forte oposição do lobby do mercado financeiro e dos super-ricos no País. O setor que representa as grandes fortunas será afetado pela proposta, que pretende equilibrar a isenção para os salários menores com cobranças de faixas mais altas, que atualmente não pagam imposto.
“Fico perplexo que no Brasil quem grita mais é quem tem mais e menos contribui. A pessoa humilde, que já está contribuindo não grita e acaba não fazendo valer os seus direitos”, comentou o ministro.
“Então, o desafio não vai ser isentar, o desafio vai ser compensar com quem não paga. Nós vamos ter que chegar no andar de cima e pedir: ‘olha, você não está pagando nada contra um trabalhador que está pagando 27% de imposto…Vamos equilibrar esse jogo? Você vai ter que pagar um pouco para ele pagar menos’”, avaliou.
Haddad foi, então, confrontado com a afirmação de que nenhum rico vai aceitar “perder dinheiro”. A resposta, novamente, jogou a responsabilidade para governistas: “Mas para que você tem Estado e Partidos dos Trabalhadores? É para buscar isso.”
“Os privilegiados que hoje não pagam impostos vão pagar para que quem paga, que é o trabalhador, pague menos”, insistiu Haddad.
