Ministro da Fazenda destaca êxitos do resultado fiscal sem ajuste no “lombo do trabalhador”, melhora dos investimentos em saúde, educação, infraestrutura, emprego formal e renda do trabalho. E diz que o governo está aos impactos do tarifaço de Trump
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “eventos da esfera política” têm obscurecido “muita notícia boa”. Haddad observou que desde o primeiro governo Lula, em 2003, a política externa fez com que o Brasil reduzisse pela metade a participação dos Estados Unidos no volume de exportações do Brasil. Mas chamou atenção para o fato de que, com todo mundo apreensivo com as ocorrências – políticas e geopolíticas – se esquece de celebrar conquistas que estão levando bem-estar à população.
O ministro abriu sua fala nesta terça-feira (5/8) no Conselhão – como é chamado o Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS) – mencionando algumas dessas conquistas.
- A saída do Brasil do mapa da fome da ONU
- O menor nível de desemprego da história, com recorde trabalho formal e três anos sucessivos de aumento da renda média do trabalho.
- A inflação, que está caindo e que deve fechar o ano abaixo de 5%.
- A desigualdade social está reduzida ao seu menor nível na história.
- A “surpresa – para a imprensa, mas não para nós” – dos resultados primários das contas públicas.
Nesse quesito, o ministro acentuou que “depois muitos anos de déficit primário crônico, na casa de 2% do PIB”, o País está evoluindo, mas não faz “ajuste fiscal no lombo dos mais pobres, no lombo do trabalhador”. E explica essa preocupação ao listar a melhora dos investimentos em saúde, educação, assistência social e em infraestrutura.
“Todos investimentos retomados depois de anos de estagnação. E no nosso conceito, sei que isso é comum ao vice-presidente Geraldo Alckmin, à ministra do Planejamento Simone Tebet e a mim: a qualidade do ajuste fiscal é tão importante quanto o seu sentido. Você garantir que as pessoas comam, trabalhem, invistam é muito importante para sinalizar o futuro que nós pretendemos.”
Tarifaço de Trump
Fernando Haddad observa que a redução da dependência das relações comercias com os Estados Unidos não é obra do acaso. “As exportações para os Estados Unidos já representaram 25% das nossas exportações. Graças à política que o presidente Lula inaugurou ainda em 2003, de abrir os mercados para os produtos brasileiros, elas representam 12%”, observou.
“Desses 12%, 4% são afetados pelo tarifaço. E desses 4%, mais da metade terá naturalmente outra destinação, porque são commodities com preço internacional, que vão encontrar o seu destino no curto ou no médio prazo. Então, estamos atentos. E não vamos baixar a guarda, porque sabemos que há aí setores muito vulneráveis, que geram muito emprego, como a fruticultura, e exigem uma atenção especial, que vai ser dada.”
Haddad considera que o Governo Federal dispõe de instrumentos para socorrer famílias que venham a ser prejudicadas com uma “agressão injusta, indevida e incondizente com os 200 anos de relação com os Estados Unidos.
Papel do Conselhão
O ministro da Fazenda elogiou o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável pela sugestões no campo da macro e da microeconomia, em especial na política de crédito.
“Esse Conselho tem uma visão voltada para a questão do crédito desde 2023. E nós já tivemos programas como Desenrola, as quatro linhas de crédito do Acredita, o Crédito do Trabalhador, que em poucos meses bateu 50% do antigo crédito consignado do setor privado, que tem 20 anos de existência”, lembrou.
Haddad destaca ainda que entre as sugestões do Conselhão ao governo, a Secretaria de Reformas Econômicas já traduziu a boa parte delas em projetos de lei. “Há cinco projetos de lei que já tratam de parte dessas que exigem mudança legislativa. Algumas dessas propostas estão em tramitação desde o final de 2023 com o apoio desse Conselho”, disse o ministro. Que aproveitou para pedir o engajamento dos integrantes do CDESS no diálogo com o Congresso para que “esses projetos ganhem prioridade na pauta legislativa do segundo semestre.
São pautas que permitirão ao governo entregar ainda neste ano uma agenda completa do crédito, avalia Haddad. Isso porque significará, na ponta, mais concorrência entre os bancos e, a partir dela, a redução do custo do crédito. “Eu penso que é um caminho muito importante. Lembrando que o trabalho do Dataprev e do ministro Luiz Marinho (Trabalho), no Crédito do Trabalhador, permitiu criar no Brasil o maior marketplace de crédito do mundo”, ressaltou “Isso dito por CEOs de bancos estrangeiros.”
Publicado originalmente pela Agência Gov em 05/08/2025
Por Donizetti de Souza