A inflação medida pelo IPCA (índice de Preços ao Consumidor Amplo) encerrou o mês de agosto com deflação de 0,11%, o primeiro resultado negativo desde agosto de 2024 e o mais intenso desde setembro de 2022 (-0,29%), segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com isso, o IPCA acumula alta de 3,15% e, nos últimos 12 meses, o índice ficou em 5,13%, abaixo dos 5,23% dos 12 meses imediatamente anteriores.
O índice de difusão, ou seja, o percentual de subitens que tiveram resultado positivo, aumentou de 50% em julho para 57% em agosto.
Na análise dos componentes, a variação e o impacto negativo mais intensos foram registrados pelo grupo Habitação (-0,90% e -0,14 p.p.), devido à queda na energia elétrica residencial (-4,21%), responsável pelo impacto mais intenso no índice (-0,17 p.p.).
Também tiveram quedas em agosto Alimentação e bebidas (-0,46% e -0,10 p.p.) e Transportes (-0,27% e -0,06 p.p.), Comunicação e Artigos de residência (ambos com -0,09% de variação e 0,00 p.p. de impacto)
Os demais grupos registraram variações e impactos positivos: Educação (0,75% e 0,05 p.p.), Saúde e cuidados pessoais (0,54% e 0,07 p.p.), Vestuário (0,72% e 0,03 p.p.) e Despesas pessoais (0,40% e 0,04 p.p.).
Para Camilo Cavalcanti, gestor de Portfolio da Oby Capital, a inflação ficou pouco acima das expectativas de mercado, que projetava uma deflação de -0,17%.
Essa surpresa negativa em termos de desinflação foi puxada principalmente por uma queda menor do que a esperada na alimentação no domicílio (-0,83%) e uma alta em bens industriais (+0,18%). Gasolina (-0,94%), Energia Elétrica (-0,85%) e Artigos de Residência (-1,12%) foram os principais drivers na ponta deflacionária.
“A média dos núcleos ficou em 0,31%, acima do resultado de julho e acima do esperado, mostrando que a inflação subjacente segue resiliente e interrompendo a melhora dos últimos meses. O maior destaque negativo foram os itens intensivos em trabalho que vieram com alta de 0,65%”, explica.
Cavalcanti acredita que, com esse resultado, o Banco Central deve adotar cautela na condução dos cortes da Selic.
“Embora os preços administrados e itens voláteis, como combustíveis e energia, sigam trazendo alívio, a persistência da inflação de serviços e a difusão elevada reforçam a necessidade de uma condução cuidadosa”, pontua.