Rogério de Almeida Felício, preso nesta segunda-feira, ao lado de Gusttavo Lima. Foto: reprodução

O policial Rogério de Almeida Felício, conhecido como Rogerinho, se entregou às autoridades na manhã desta segunda-feira em Santos, litoral de São Paulo. Ele estava foragido desde a deflagração da operação Tacitus, conduzida pela Polícia Federal e Ministério Público, que investiga corrupção de agentes públicos. Rogério também foi citado na delação do empresário Vinicius Gritzbach, assassinado em outubro no Aeroporto de Guarulhos.

Além de seu trabalho na Polícia Civil, Rogerinho atuava como segurança do cantor Gusttavo Lima e é investigado por possível ligação com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

A operação Tacitus, deflagrada na semana passada, prendeu temporariamente o delegado Fábio Baena e três policiais civis: Eduardo Lopes Monteiro, Marcelo Ruggieri e Marcelo Marques de Souza, o “Marcelo Bombom”. Na ocasião, Rogerinho não foi localizado.

Rogério Felício, promovido recentemente a agente de primeira classe, recebia R$ 7.490 pela Polícia Civil e administrava quatro empresas registradas na Receita Federal. Entre elas, uma firma de segurança com sede em Santos que leva o nome “Punisher”, seu apelido nas redes sociais, onde acumula 100 mil seguidores.

“Punisher” faz referência ao nome em inglês do personagem de histórias em quadrinhos “Justiceiro”. O anti-herói que aparece em histórias do Homem Aranha e do Demolidor, por exemplo, tem uma visão distorcida da justiça, acreditando que cabe a ele executar todos que façam parte do crime organizado, em uma filosofia semelhante ao adotado no bolsonarismo como “bandido bom é bandido morto”.

Rogério é amigo do bolsonarista delegado Carlos Alberto da Cunha, conhecido nas redes sociais por contar suas histórias violentas na polícia de São Paulo, ele foi preso por violência doméstica após agredir a ex-companheira.

O investigador Rogério Almeida Felício e o delegado bolsonarista Carlos Alberto da Cunha. Foto: Reprodução

O segurança também esteve na Grécia para celebrar o aniversário de Gusttavo Lima em um iate que custava cerca de R$ 1 milhão a cada dia alugado. No evento estavam figuras conhecidas na política brasileira, como o ministro Kássio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF), e Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, além de alvos da Polícia Federal, como José André da Rocha, proprietário da Vai de Bet, por organização criminosa envolvida em lavagem de dinheiro e jogos ilegais.

A construtora Magnata, também ligada a Felício, é suspeita de irregularidades. A empresa divulgava a construção de imóveis em Praia Grande, mas Gritzbach acusou Felício e outros policiais de tomar ilegalmente um sítio na Grande São Paulo. Segundo o delator, o imóvel foi transferido para um “laranja” após uma operação de busca e apreensão que confiscou o contrato de compra e venda.

A defesa de Fábio Baena e Eduardo Monteiro, representada pelo advogado Daniel Bialski, rebateu as acusações, alegando falta de provas e questionando a legalidade das prisões. Já a defesa de Rogério afirmou sua inocência e garantiu que tomará medidas legais cabíveis.

Em nota, a Delegacia Geral de Polícia destacou que não compactua com desvios de conduta e reafirmou o compromisso com a transparência nas investigações. A Balada Eventos, empresa responsável pela carreira de Gusttavo Lima, confirmou que Rogerinho atuou como segurança em shows, mas espera que as acusações sejam esclarecidas.

A força-tarefa segue em diligências para apurar o caso, enquanto as corregedorias das polícias Civil e Militar colaboram para garantir que os envolvidos sejam punidos conforme a lei.

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Last Update: 23/12/2024