O secretário de Políticas Digitais do governo federal, João Brant, criticou o anúncio feito pelo presidente da Meta, Mark Zuckerberg, nesta terça-feira (7), em que o bilionário anunciou o fim do programa de checagem de fatos em suas plataformas digitais. Para Brant, Zuckerberg chama o Supremo Tribunal Federal (STF) de ‘corte secreta’ e ataca os checadores de fatos de maneira absurda.
“A declaração é explícita, sinaliza que a empresa não aceita a soberania dos países sobre o funcionamento do ambiente digital e soa como antecipação de ações que serão tomadas pelo governo Trump”, afirmou Brant, nas redes sociais.
O secretário ressaltou ainda que Zuckerberg se colocou a serviço da agenda do presidente norte-americano.
“Facebook e Instagram vão se tornar plataformas que vão dar total peso à liberdade de expressão individual e deixar de proteger outros direitos individuais e coletivos. A repriorização do ‘discurso cívico’ significa um convite para o ativismo da extrema-direita reforçar a utilização dessas redes como plataformas de sua ação política”, destacou Brant.
Em entrevista à Globonews, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o fim do sistema de checagem de fatos preocupa o governo. “Vimos o que aconteceu em 2018 e em 2022. Estamos em um mundo mais complicado. Temos que cuidar da nossa democracia, da integridade das pessoas, das instituições e das informações.”
A ex-deputada federal Manuela d’Ávila publicou no Instagram que o anúncio do presidente da Meta é um dos maiores fatos políticos do tempo em que vivemos.
“Eu pesquiso no doutorado as políticas de regulação da internet no mundo e a relação disso com as ideias de liberdade norte-americanas. O que Zuckerberg diz, com todas as letras, é que a liberdade defendida pela extrema direita, as ideias de Trump e Musk, serão as suas e de sua empresa. Ideias que ameaçam instituições e democracias. Ideias de violência e tortura”, afirmou a ex-parlamentar.
Manuela afirma ainda que o anúncio soa como uma declaração de guerra ao mundo. “E um fato imenso. Não errem tentando colocá-lo no âmbito da “internet”. Não imaginem que se trata de algo afeito a comunicação ou moderação de conteúdo. Não subestimem acreditando que pode ser resolvido pelas secretarias de comunicação dos governos. Essa é a agenda central da geopolítica do nosso tempo. Só uma resposta institucional organizada poderá nos permitir enfrentar essa ameaça”, finalizou.
Entenda o caso
Mark Zuckerberg, presidente-executivo da Meta, dona do Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp, anunciou o encerramento do programa de verificação de fatos, que será substituído por um recurso semelhante ao adotado pelo X, em que os próprios usuários podem inserir notas para fazer correções nos conteúdos publicados nas redes sociais.
Para Zuckerberg, o grande problema que resultou na mudança são os erros responsáveis pela “vasta maioria da censura nas plataformas”.
Assim, os filtros que verificavam violações políticas serão concentrados em violações ilegais e de alta gravidade. Já as infrações menos graves, alguém terá de relatar o problema para que a rede social tome providências.
Em seu discurso, o presidente da Meta admite que o sistema de filtros é falho e que “removem muitos conteúdos que não deveriam” e que a medida vai “trazer de volta o conteúdo cívico”. “Por enquanto, a Comunidade pediu para ver menos política, porque estava deixando as pessoas estressadas. Então, paramos de recomendar essas postagens”, continuou Zuckerberg.
No entanto, o executivo afirmou que as pessoas pediram para ver, novamente, conteúdo político nas redes sociais. “Finalmente, vamos trabalhar com o presidente [Donald] Trump para pressionar os governos ao redor do mundo perseguindo empresas americanas e pressionando para censurar mais”, conclui o presidente da Meta.
Para Zuckerberg, a decisão se justifica tendo em vista o número crescente de leis europeias que institucionalizam a censura. Consequentemente, a construção de “algo inovador” se torna mais difícil.
O bilionário acusou ainda os países latino-americanos de manter tribunais secretos para ordenar que as empresas retirem conteúdos silenciosamente.
O anúncio de alinhamento da Meta ao governo Trump acontece dias depois do anúncio de Dana Whute, presidente-executivo do Ultimate Fighting Championship (UFC) e apoiador do presidente da extrema-direita, como novo conselheiro administrativo da empresa.
“Isto é legal”, tuitou o bilionário e dono do X, Elon Must, também um trompista declarado.
*Com informações da Agência Brasil e G1.
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