O coronel Etevaldo Luiz Caçadini, ex-colega de Bolsonaro, durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução

O coronel reformado do Exército Etevaldo Luiz Caçadini, apontado como líder do grupo de extermínio chamado “Comando C4” — sigla para Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos — foi o anfitrião do 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, realizado no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 2023, conforme informações do site Come Ananás.

O evento contou com a presença do desembargador aposentado Sebastião Coelho e do deputado federal General Girão (PL-RN), ambos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O encontro ocorreu menos de três meses antes do assassinato do advogado Roberto Zampieri, em Cuiabá, crime que levou à prisão de Caçadini e à descoberta do Comando C4. Segundo a PF, o grupo está ligado a um esquema de venda de sentenças no Tribunal de Justiça do Estado de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Durante o evento, Caçadini agradeceu publicamente a Sebastião Coelho, chamando-o de “grande amigo” e “parceiro nosso ativo”. Naquele ano, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) havia aberto investigação contra Coelho por incitar atos golpistas quando era desembargador do TJ do Distrito Federal.

Atualmente, ele atua como advogado de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro, e chegou a ser detido no Supremo Tribunal Federal (STF) por tumultuar o julgamento da denúncia contra o ex-presidente.

Em seu discurso, Caçadini apontou para a bandeira do Brasil e disse: “essa bandeira aqui, ela não merece ser vermelha”. Já Sebastião Coelho afirmou que o STF “tomou as atribuições do Poder Executivo e as atribuições do Congresso Nacional”.

Etevaldo Luiz Caçadini e Sebastião Coelho durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução

O coronel Caçadini foi colega de turma de Jair Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), ambos formados em 1977, na Turma Tiradentes. O deputado General Girão, por sua vez, formou-se em 1976, na Turma 31 de Março.

Durante o evento, Girão declarou que “o Brasil continua sob ameaça e, para reagir, não basta o poder das armas. Tem que buscar o apoio da população, item básico da boa guerrilha”. Em tom de ironia, acrescentou: “Eu não quero dizer que a gente vai ser guerrilheiro, não. Daqui a pouco vão estar me processando de novo lá.”

Em janeiro deste ano, Girão foi condenado na esfera cível a pagar R$ 2 milhões por incentivar atos golpistas. No STF, há um inquérito sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes que investiga seu envolvimento no 8 de janeiro.

General Girão e coronel Caçadini durante o 1º Encontro Nacional dos Grupos Patriotas, no Clube Militar, no Rio de Janeiro, em 2023. Foto: Reprodução

Selfies com bolsonaristas

Outro participante do evento foi Hedilerson Barbosa, instrutor de tiro e também acusado de envolvimento no assassinato de Roberto Zampieri. Segundo a PF, ele integra o Comando C4. Hedilerson se apresenta como “veterano do Exército Brasileiro” e usa camisetas com a sigla AREB (Associação dos Reservistas do Brasil).

No Clube Militar, tirou selfies com Sebastião Coelho e General Girão, além de já ter aparecido com os deputados bolsonaristas Nikolas Ferreira (PL-MG) e Marcos Pollon (PL-MS), este último fundador do Movimento Pró-Armas.

O presidente do Clube Militar, general Sérgio Tavares Carneiro, também é ex-colega de Bolsonaro, Caçadini e Girão na Aman, da turma de 1975. Seu filho, Victor Carneiro, foi diretor da Abin durante o governo Bolsonaro, substituindo Alexandre Ramagem.

Nas investigações sobre a conspiração golpista de 2022, o general Augusto Heleno chegou a citar Victor Carneiro em um plano para infiltrar agentes da Abin nas campanhas adversárias.

Em endereços ligados a Caçadini, a PF encontrou uma tabela com preços para serviços de espionagem e assassinatos sob encomenda, tendo como alvos deputados, senadores e ministros do STF.

Em suas lives na conta “Frente Ampla Patriótica”, Caçadini frequentemente atacava o ministro Flávio Dino, do STF, a quem chamava de “comunista convicto”.

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Last Update: 03/06/2025