O ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou, nesta sexta-feira (17), o primeiro foco de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Brasil. O caso foi registrado em Montenegro, na região metropolitana de Porto Alegre (RS), onde mais de 15 mil aves morreram em um plantel de 17 mil.

A resposta do governo federal foi imediata: decretou-se estado de emergência zoossanitária por 60 dias, a granja foi isolada, os animais remanescentes foram sacrificados, e os ovos produzidos nas últimas quatro semanas estão sendo rastreados e descartados. 

Segundo especialistas e autoridades internacionais, a ação rápida evitou a propagação do vírus e mostra a eficácia do sistema de vigilância sanitária brasileiro.

De acordo com nota oficial da Agricultura, “as medidas de contenção e erradicação do foco previstas no plano nacional de contingência já foram iniciadas e visam não somente debelar a doença, mas também manter a capacidade produtiva do setor, garantindo o abastecimento e, assim, a segurança alimentar da população”. 

O ministério também informou que já comunicou oficialmente a ocorrência à OMSA, aos Ministérios da Saúde e do Meio Ambiente, aos parceiros comerciais e às cadeias produtivas envolvidas.

Frango e ovos continuam seguros para consumo

De acordo com a Agricultura, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o vírus da gripe aviária não é transmitido por meio do consumo de frango ou ovos devidamente cozidos. 

O risco de contágio para humanos é considerado baixo, especialmente fora de contextos de contato direto com aves vivas ou ambientes contaminados.

A orientação à população é clara: carnes de frango e ovos podem ser consumidos normalmente, desde que bem preparados. Produtos crus ou mal cozidos devem ser evitados, como já é recomendado para prevenir diversas doenças de origem alimentar. 

O ministério da Agricultura reforçou que “a população brasileira e mundial pode se manter tranquila em relação à segurança dos produtos inspecionados, não havendo qualquer restrição ao seu consumo”.

Suspensão de exportações pode reduzir o preço do frango

Com a confirmação do foco, países como China, União Europeia, Argentina, México, Chile e Uruguai suspenderam temporariamente as importações de carne de frango brasileira. Apesar disso, economistas afirmam que o impacto deve ser localizado e de curta duração.

Segundo José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica, é possível que o frango fique mais barato no mercado interno, já que parte da produção que seria exportada deverá ser redirecionada ao consumo doméstico. 

“Esse ciclo é rápido. Talvez durante dois meses vejamos uma queda nos preços ao consumidor”, afirmou.

O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 13,4% das exportações brasileiras de frango, e deve ter sua produção absorvida por estados como Paraná e Santa Catarina, que lideram o setor.

Risco humano é baixo e sistema de saúde está atento

Desde 2003, a OMS registrou cerca de 900 casos de infecção humana por H5N1, com letalidade acima de 50%. No entanto, todos os casos estão associados a contato direto com aves doentes ou ambientes altamente contaminados. A transmissão entre humanos é rara e ineficiente.

No Brasil, não há qualquer registro de infecção humana por gripe aviária. O Ministério da Saúde segue em monitoramento permanente, em articulação com as secretarias estaduais.

Biossegurança e vigilância pública evitam novas crises

A Organização Mundial da Saúde Animal e a FAO reforçam que surtos como esse são prevenidos com vigilância ativa, boas práticas de biossegurança e ação coordenada entre produtores, governo e sistema público de saúde animal.

No caso brasileiro, a detecção precoce e a resposta rápida do Estado são apontadas como elementos-chave para conter o surto e proteger tanto a produção quanto os consumidores. 

O governo segue monitorando a situação em outros estados e orientando pequenos produtores a reforçarem medidas preventivas.

Segundo o ministério da Agricultura, o serviço veterinário brasileiro vem sendo treinado e equipado para o enfrentamento da gripe aviária desde a primeira década dos anos 2000, com monitoramento de aves silvestres, vigilância epidemiológica, treinamento de técnicos, educação sanitária e controle nos pontos de entrada de animais e produtos no país. 

Essas medidas foram essenciais para postergar por quase 20 anos a entrada da doença no sistema de avicultura comercial brasileiro.

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Last Update: 18/05/2025