Greve nacional unificada dos petroleiros já começou na Revap, em São José dos Campos

Redação Viomundo

A greve nacional unificada dos petroleiros já começou na Revap (Refinaria Henrique Lage/Petrobrás), em São José dos Campos (SP).

Após a assembleia realizada na noite dessa terça-feira, 25/03, o grupo de turno cortou a rendição.

Marcada para esta quarta-feira, 26/03, a greve é convocada pelo Sindipetro-SJC, FUP (Federação Única dos Petroleiros) e FNP (Federação Nacional dos Petroleiros).

A mobilização gira em torno da retirada de direitos dos trabalhadores da Petrobrás, como:

  • Corte de 31% no valor acordado com os sindicatos quanto ao pagamento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) de 2024.
  • Mudança unilateral de dois para três os dias presenciais no regime híbrido.

Além disso, a categoria reivindica:

  • Solução definitiva aos PEDs (Planos de Equacionamentos de Déficit), que confiscam aposentadorias e pensões de trabalhadores.
  • Um novo e único Plano de Cargos, Carreira e Salário, com possibilidades de progressão na carreira e mobilidades transparentes e justas
  • reposição do efetivo

Segundo o Sindipetro-SJC, a categoria está unida ao Sintricom (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário e Montagem Industrial de São José dos Campos e Litoral Norte), que também mobiliza trabalhadores para apoiar as causas, além de reivindicar melhores condições de trabalho na refinaria.

O sindicato realizará assembleia na porta da refinaria, na própria quarta-feira, 26 de março, pela manhã.

“Há tempos não víamos uma greve tão fortalecida e unindo a categoria. A gestão atual da Petrobrás propõe diversos retrocessos em direitos conquistados e negociados coletivamente. Não vamos aceitar! Nenhum passo atrás”, defende a vice-presidente do Sindipetro-SJC, Cidiana Masini.

“A justificativa para o corte da PLR é um prejuízo contábil, mas os trabalhadores e trabalhadoras cumpriram todas as metas e o déficit não é de responsabilidade da categoria”, exemplifica Cidiana.  ”Além disso, a companhia anunciou R$ 100,3 bilhões aos seus acionistas em 2024″.

Abaixo, a íntegra do manifesto da FUP e FNP.

Por um basta ao autoritarismo da gestão Magda, por respeito à categoria e pela valorização dos fóruns de negociação coletiva

Nos últimos anos, a categoria petroleira tornou-se símbolo da defesa da soberania nacional e uma das vanguardas nas lutas populares em defesa da democracia no Brasil.

São as trabalhadoras e os trabalhadores que possuem legitimidade na sociedade para se manifestarem sobre temas relacionados às empresas do Sistema Petrobrás, não só no setor de óleo e gás, como de energia como um todo, sobretudo diante da descoberta de novas fronteiras e da urgência da transição energética justa.

Em meio ao processo de reconstrução da maior empresa de energia do país, no qual as trabalhadoras e os trabalhadores são parte fundamental, nos deparamos, desde o início dessa gestão, com afrontas aos nossos fóruns de negociação coletiva e o distanciamento do diálogo com os sindicatos.

É inadmissível que, no curso da reconstrução democrática, os direitos coletivos e as conquistas das organizações sindicais da categoria petroleira estejam sob ataque.

Afinal, a retomada do crescimento da estatal deve muito às lutas e às mobilizações dos trabalhadores, organizadas pelas federações sindicais.

Para nós, representantes das trabalhadoras e dos trabalhadores, que estamos sempre dispostos ao diálogo e à negociação, é incompreensível a forma autoritária e a volta à cultura do medo na Petrobrás que a gestão Magda vem tentando impor à categoria petroleira.

Essa postura desrespeitosa é evidenciada quando se inicia o debate de forma autoritária ou se conduz uma mesa sem transparência, abusando da boa-fé negocial dos trabalhadores.

Foi assim, por exemplo, na implementação do VR/VA, com a divulgação de uma proposta feita diretamente aos trabalhadores nas bases e que, quando os sindicatos tentam abrir o processo negocial, a empresa oficializa a proposta como algo imutável, “aceita-se ou não”.

A mesma postura foi adotada em relação às mudanças feitas no teletrabalho, o que se agravou com a ameaça da gestão de que, caso a proposta não seja aceita coletivamente, irá piorar ainda mais, já com um calendário de implementação e abertura de termo de adesão individual.

E ainda temos o caso da PLR, onde fomos ludibriados em relação ao resultado concreto da regra apresentada, sendo que apenas um lado da mesa possuía os dados precisos da companhia. Isso não é negociação, é desrespeito às históricas lutas e conquistas do movimento sindical.

Em resposta a essa postura autoritária da atual gestão, os sindicatos filiados à FUP e à FNP estão realizando assembleias com o indicativo de realização de uma greve de 24 horas.

Essa GREVE é contra estes desmandos e, ainda na disponibilidade de retomarmos o curso das conquistas históricas de negociação e diálogo entre gestão e representantes da categoria petroleira, destacamos alguns pontos que nos leva à mobilização:

Não à redução da Remuneração Variável, com garantia dos valores anunciados. É inaceitável que os trabalhadores que produziram os lucros tenham uma redução de 31% nos valores que foram apresentados em simuladores em dezembro do ano passado, enquanto a empresa repassará 207% dos lucros para os acionistas.

Defesa do Teletrabalho. Imediato cancelamento do cronograma de mudança no Teletrabalho, cancelamento do termo de adesão individual e abertura de negociações de fato para uma regra negociada coletivamente, com atenção aos impactos que irá causar e assinada pela empresa e sindicatos.

Fim dos PEDs do Plano Petros. É necessária uma solução definitiva aos PEDs, construída com as trabalhadoras e os trabalhadores, que traga de volta a dignidade àqueles que construíram essa empresa.

Plano de Cargos, Carreira e Salário. Negociação imediata para a criação de um único plano, integrado para todo o Sistema. Que sejam corrigidas e reparadas as distorções criadas durante o período de dois planos vigentes. Que o novo plano valorize a negociação coletiva, as atribuições de cada cargo e a devida remuneração, além de possibilidades de progressão na carreira e mobilidades transparentes e justas, conforme proposta aprovada no seminário unitário das duas federações.

Reposição do efetivo. Nunca houve uma queda tão brusca no número de trabalhadores como nos anos que se seguiram à Lava-Jato. É necessário a convocação de todos os concursados, inclusive do cadastro de reserva dos concursos já realizados e abertura de novos concursos.

Fim dos acidentes, mortes e adoecimento no Sistema. Foram 6 fatalidades no Sistema Petrobrás no final de 2024. A empresa tem o dever de garantir a vida e a integridade dos trabalhadores e trabalhadoras que atuam no Sistema Petrobrás, sejam prestadores de serviços ou com vínculo direto.

Garantir a retomada da produção na Fafen-PR com segurança. O fechamento da Fábrica de Fertilizantes no Paraná e a demissão dos trabalhadores foram o principal motivo para a greve nacional de 2020. A retomada da Petrobrás no setor de fertilizantes e a reabertura da FAFEN-PR são uma conquista da luta da categoria petroleira. Porém, não podemos admitir que essa retomada seja realizada sem segurança, principalmente por falta de efetivo.

Por direitos, segurança e condições de trabalho dos prestadores de serviço em todo o Sistema Petrobrás. Precisamos melhorar a fiscalização dos contratos, modelo e política de licitação, mecanismos que garantam de fato o cumprimento da legislação trabalhista e a isonomia de jornada, com o fim da escala 6×1, que atinge os prestadores de serviço no Sistema Petrobrás.

Contra qualquer forma de diferenciação das trabalhadoras e trabalhadores, que já estão na companhia e aqueles que estão se somando agora, inclusive nos adicionais de transferência definitiva e na ajuda de custos.

Pelos principais pontos elencados acima, a categoria petroleira irá fazer a greve. Para que haja respeito aos que verdadeiramente produzem a riqueza desta empresa e que se abra de imediato um canal de negociação com competência para buscar soluções para todos esses impasses!

Rio de Janeiro, 17 de março de 2025

Federação Única dos Petroleiros – FUP e Federação Nacional dos Petroleiros – FNP

Artigo Anterior

VÍDEO: ‘Bolsonaro tenta ferrar Cid, advogados se desesperam, gritaria, dedo no olho’, conta Ricardo Mello sobre 1º dia do julgamento

Próximo Artigo

Médicos Sem Fronteiras reage após hospital em Gaza ser bombardeado

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!