A greve nacional no Sistema Petrobras, iniciada à 0 hora de segunda-feira (15), completou três dias nesta quarta (17). Logo no primeiro dia, seis refinarias pararam por tempo indeterminado – Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR).
Já nesta quarta, segundo a FUP (Federação Única dos Petroleiros), todas as nove bases na Bacia de Campos paralisaram as atividades. Houve 100% de adesão à greve entre os petroleiros das 28 plataformas offshores. Em nota, a Petrobras se limitou a dizer que “respeita o direito de manifestação” e que “mantém um canal permanente de diálogo com as entidades sindicais, independentemente de agendas externas ou manifestações públicas”.
A categoria exige aumento real nos salários, melhorias no plano de cargos e salários e outros avanços no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), como o fim dos equacionamentos dos déficits da Petros (PEDs), que afeta aposentados e pensionistas. Outra reivindicação, batizada de “Brasil Soberano”, é pelo fortalecimento da Petrobras como empresa pública.
Além disso, os trabalhadores cobram mais seriedade da companhia nas negociações e o fim de práticas antissindicais. Trabalhadores de refinarias foram mantidos por dois dias ou mais em unidades como a Reduc (RJ), a Regap (MG), a Lubnor (CE) e a Refap (RS).
Até o momento, a greve chegou a nove refinarias, incluindo a de Abreu e Lima (PE), que aderiu nesta terça (16). Há paralisação também no Terminal de Suape, nas 13 unidades da Transpetro, em quatro termelétricas e duas usinas de biodiesel, além dos campos de produção terrestre da Bahia, da Unidade de Tratamento de Gás de Cabiúnas (UTGCAB), da Estação de Compressão de Paulínia (TBG) e da sede administrativa da Petrobras em Natal (RN).
“A forte e crescente adesão à greve mostra a disposição de luta pela retomada dos direitos perdidos, pela valorização dos trabalhadores e por uma Petrobrás forte, pública e a serviço do povo brasileiro”, afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.
A greve conta com a solidariedade das centrais sindicais, que lançaram nota conjunta na segunda-feira (15) em apoio ao movimento. Segundo as centrais, a contraproposta de ACT feita pela Petrobras “representa uma vergonha para uma empresa desse porte e dessa importância estratégica para o Brasil”. A empresa propõe apenas 0,5% de aumento real e ameaça retirar direitos.
Nota da Centrais Sindicais – Todo apoio à greve dos petroleiros!
As Centrais Sindicais brasileiras manifestam apoio incondicional à greve dos petroleiros, que tem início nesta segunda-feira, 15 de dezembro de 2025.
Após semanas de assembleias realizadas em todo o país, a última proposta apresentada pela Petrobras para o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) — que prevê apenas 0,5% de aumento real, além de tentativas de retirada de direitos — representa uma vergonha para uma empresa desse porte e dessa importância estratégica para o Brasil.
Ao mesmo tempo, no último período, foram registrados aumento da produção e crescimento expressivo dos lucros, assegurando aos acionistas dividendos que se aproximam de R$ 100 bilhões — recursos que não são revertidos de forma justa aos trabalhadores e trabalhadoras que sustentam a Petrobras.
Esse contraste torna a situação ainda mais incoerente e espantosa, sobretudo porque são esses profissionais que, mesmo em meio a crises e instabilidades econômicas, garantem resultados recordes, com uma produção que chega a 4 milhões de barris de petróleo por dia.
A postura intransigente da empresa é ainda mais grave por se tratar de uma empresa nacional, estratégica e patrimônio do povo brasileiro.
Em meio à campanha salarial, essa atitude não deixa aos trabalhadores e trabalhadoras outra alternativa senão o início de uma greve nacional.
Por tudo isso, reafirmamos nosso total apoio à Greve Petroleira e reivindicamos:
Aumento real significativo, já;
Nenhum direito a menos e atendimento imediato das reivindicações.
São Paulo, 14 de dezembro de 2025
Sérgio Nobre, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores)
Miguel Torres, presidente da Força Sindical
Ricardo Patah, presidente da UGT (União Geral dos Trabalhadores)
Adilson Araújo, presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil)
Antonio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros)
Sônia Zerino, presidente da Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST)
Atnágoras Lopes, secretário executivo da Conlutas
Nilza Pereira de Almeida, secretária Geral da Intersindical Central da Classe Trabalhadora
José Gozze, presidente da Pública Central do Servidor