A montadora chinesa Great Wall Motors (GWM) estuda utilizar o Brasil como centro de produção de veículos, com o objetivo de ampliar suas operações para mercados vizinhos na América do Sul.

A informação foi confirmada pelo presidente global da empresa, Wei Jianjun, durante entrevista concedida nesta quarta-feira, 23, no Salão do Automóvel de Xangai.

Segundo o executivo, a companhia busca oportunidades estratégicas para estabelecer uma base industrial no país sul-americano, alinhando a iniciativa ao plano de expansão internacional da fabricante.

“Estamos considerando o Brasil como uma base para produção e também para expansão para regiões próximas”, afirmou Jianjun durante a conversa com jornalistas.

Atualmente, a Great Wall Motors está presente no Brasil com importações de modelos híbridos e elétricos, mas tem sinalizado a intenção de iniciar atividades industriais locais como parte da sua estratégia global de crescimento.

A empresa já havia adquirido, em 2021, a fábrica da Mercedes-Benz em Iracemápolis, no interior de São Paulo, com a expectativa de utilizar a planta para viabilizar a produção nacional.

Durante a entrevista, o presidente da GWM também comentou sobre as tarifas impostas pelos Estados Unidos contra veículos produzidos por montadoras chinesas. Jianjun afirmou que, apesar da existência dessas barreiras tarifárias, o impacto sobre os negócios da empresa é limitado.

“O impacto das tarifas dos Estados Unidos sobre as montadoras chinesas existe, mas não é grande”, disse o executivo.

Ele acrescentou que a Great Wall Motors nunca direcionou grandes volumes de exportação para o mercado norte-americano, o que reduz a exposição da montadora às medidas restritivas adotadas pelo governo dos Estados Unidos em relação à indústria automotiva da China.

A declaração ocorre em um contexto de tensões comerciais entre Washington e Pequim, que têm afetado diversas cadeias produtivas, especialmente no setor de tecnologia e automóveis. No caso da Great Wall Motors, o foco das exportações da companhia tem se concentrado em mercados da Ásia, Europa, América Latina e Oriente Médio.

A montadora tem apostado na expansão global com ênfase em modelos eletrificados, alinhando-se às tendências de descarbonização do setor automotivo. A estratégia inclui o lançamento de veículos híbridos e 100% elétricos, com investimentos em tecnologias de eficiência energética e em infraestrutura de carregamento.

No Brasil, a GWM tem trabalhado na introdução de seus modelos eletrificados, além de prospectar parcerias e desenvolver uma rede de concessionárias para ampliar sua presença no mercado local.

O início da produção nacional, segundo analistas do setor, pode representar um passo importante para a competitividade da marca no país, especialmente diante da crescente demanda por veículos sustentáveis.

Ainda durante o Salão de Xangai, a empresa destacou o desenvolvimento de novas plataformas modulares voltadas para veículos híbridos e elétricos, bem como a ampliação de seu portfólio de produtos destinados ao público internacional.

Questionado sobre prazos ou detalhes adicionais a respeito da possível operação fabril no Brasil, Wei Jianjun não especificou datas nem volumes planejados, mas reiterou que o projeto está em fase de avaliação. A GWM afirmou que seguirá monitorando as condições de mercado e as oportunidades para consolidar sua presença na América do Sul.

A iniciativa faz parte do movimento de empresas chinesas do setor automotivo que buscam diversificar suas bases de produção fora da China, em meio a mudanças no cenário global e ao avanço das políticas de incentivo à mobilidade elétrica em diferentes países.

A reportagem não obteve informações adicionais da montadora sobre eventuais negociações com autoridades brasileiras ou possíveis incentivos para a instalação da unidade industrial.

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Last Update: 23/04/2025