O governo do estado de São Paulo deve destinar mais de R$ 10 bilhões de recursos públicos para modernização das linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade dos trens metropolitanos. O leilão das concessões dessas linhas está marcado para a próxima sexta-feira (28). Parte significativa desse investimento, cerca de R$ 1,8 bilhão, será utilizada para melhorias no sistema de sinalização ferroviária.
O edital prevê um investimento total de R$ 14,3 bilhões, dos quais R$ 10 bilhões serão pagos pelo governo estadual ao longo dos 25 anos de concessão. Além das três linhas, o pacote também inclui o Expresso Aeroporto, que conecta São Paulo ao Aeroporto Internacional de Guarulhos.
O projeto de concessão exige a implantação do sistema europeu de controle de trens, conhecido como ETCS Nível 2 (European Train Control System), um padrão internacional de sinalização que promete maior segurança e eficiência na operação ferroviária. Segundo o governo, essa tecnologia ajudará a reduzir o intervalo entre trens e otimizar o tempo das viagens.
Desde 2009, o governo paulista já investiu mais de R$ 1,6 bilhão em diferentes sistemas de sinalização, como ATP (Proteção Automática de Trens), ATO (Operação Automática de Trens) e CBTC (Controle Baseado em Comunicações). Somente no CBTC, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) gastou R$ 1,3 bilhão nas linhas 8-Diamante, 10-Turquesa e 11-Coral, com uma taxa de implantação de 74%.
A decisão de substituir os sistemas atuais pelo ETCS está sendo investigada pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP). A entidade apura a necessidade de um novo aporte bilionário, especialmente considerando que a ViaMobilidade, concessionária das linhas 8 e 9, também está negociando uma mudança similar no valor de R$ 1 bilhão, dos quais R$ 500 mil seriam pagos com dinheiro público.
O MP também analisa se o novo sistema trará reais benefícios operacionais e de segurança, uma vez que o CBTC, utilizado na linha 4-Amarela do Metrô, é descrito pela concessionária CCR como “o que há de mais moderno”.
A ViaMobilidade, responsável pelas linhas 8 e 9, acumula multas superiores a R$ 700 milhões devido a problemas operacionais. Para tentar abater essa dívida, a concessionária está negociando um “investimento adicional” na implantação do ETCS, o que lhe garantiria um crédito de R$ 303 milhões com o Estado. No entanto, o acordo ainda não foi fechado.
Em resposta aos questionamentos, o governo do estado afirmou que o ETCS oferece vantagens sobre o CBTC, pois permite a interoperabilidade entre diferentes linhas de trem. Já a ViaMobilidade não respondeu aos questionamentos sobre a justificativa para a troca de sistema.
