
O governo Lula (PT) já avalia estratégias para lidar com a oposição, caso a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) seja instalada para investigar o escândalo dos descontos ilegais no INSS. O Planalto, que vê como inevitável a CPMI, trabalha para influenciar a composição e garantir que o governo tenha voz ativa no colegiado.
A intenção do governo é, principalmente, minimizar os danos políticos, responsabilizar a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pelos problemas envolvendo o INSS e proteger o presidente Lula (PT) de um possível desgaste, conforme informações do Globo.
A questão dos descontos ilegais provocou um intenso bate-boca no Senado na última quinta-feira (15), entre o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, e o senador Sergio Moro (União-PR). O ex-juiz tentou “lacrar” durante o debate com o ministro e acabou levando uma invertida.
Interlocutores do Planalto elogiaram a postura do ministro, que explicou com clareza o esquema de fraudes no INSS, atribuindo o início dos descontos ilegais à gestão bolsonarista, em resposta às críticas de Moro sobre a gestão da Previdência.
ATENÇÃO: o novo ministro da previdência acabou de DAR UMA LAPADA NO SÉRGIO MORO. Moro foi fazer gracinha, mas foi questionado pq não fez nada quando um servidor denunciou a fraude no INSS em 2020 pra PF. Moro era o responsável pela PF e nada fez.pic.twitter.com/fkD8wrKXXx
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) May 15, 2025
O INSS informou que já recebeu 1.069.201 respostas de aposentados e pensionistas que tiveram descontos em seus benefícios para entidades associativas. Desses, 1.051.238 informaram não reconhecer vínculo com as organizações, representando 98,3% do total.
A criação da CPMI
O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho, disse que apoia a criação da CPMI, e o senador Fabiano Contarato (PT-ES) já assinou a lista que solicita sua instalação.
Já há 37 senadores e 223 deputados a favor da comissão, o que ultrapassa o mínimo necessário. No entanto, a instalação depende exclusivamente da decisão do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP), que ainda não se manifestou.
Embora o Planalto se mantenha oficialmente contra a criação da CPMI, os principais aliados de Lula reconhecem que a comissão é praticamente inevitável. A estratégia do governo, agora, será centrar esforços para garantir que a comissão seja equilibrada e evitar que a oposição domine a investigação.
A base governista propõe que a CPMI seja composta por parlamentares que tenham isenção e conhecimentos técnicos sobre o INSS, além de buscar a presidência e a relatoria da comissão. Um nome cotado para a relatoria é o da deputada Tabata Amaral (PSB-SP).
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou que as investigações podem expor irregularidades no governo Bolsonaro e que, por isso, está disposto a assinar o pedido de instalação da CPMI.
“Quem chamou a polícia e deixou ela investigar foi o presidente Lula. Eu não assino CPI, por achar que isso cabe à Polícia Federal. O Congresso deve cuidar dos problemas reais do Brasil, das matérias que importam. Mas talvez eu assine essa, por acreditar que os ventos vão mudar”, declarou Wagner.
Wolney Queiroz também se mostrou favorável à CPMI. Ele ressaltou que uma medida provisória editada no governo Bolsonaro aumentou o número de entidades que realizaram cobranças indevidas. “É naquele momento, entre 2019 e 2022, que o ladrão entra na casa”, afirmou Queiroz.
O ministro explicou que uma MP de 2019 previa revalidação anual de autorizações para descontos, mas foi alterada em 2021 para revalidação a cada três anos. Depois, uma nova mudança adiou a revalidação para 2022, e em 2022 a alteração finalizou com a exclusão da revalidação anual. Essa mudança foi aprovada no Congresso e sancionada por Bolsonaro.
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