
O governo Lula (PT) irá tratar uma eventual sanção contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como um ato de “ingerência externa” e uma violação da soberania nacional, e não apenas como uma medida direcionada a um integrante da Corte, conforme informações do colunista Jamil Chade, do UOL.
Na última quarta-feira (21), o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, afirmou durante uma audiência na Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que uma possível sanção contra Moraes está “em análise” e que a medida é uma “grande possibilidade”.
A motivação seria o posicionamento do ministro em relação às plataformas digitais, que, para setores do governo Donald Trump, representa um ataque à liberdade de expressão.
🇺🇸AGORA NOS EUA: Sec. @marcorubio diz que está NESTE MOMENTO analisando sanções contra Moraes sob a ótica a Lei Magnitsky (violações de direitos humanos)
Pergunta foi feita pelo Dep. @CoryMillsFL que semana passada se reuniu com os Dep. @BolsonaroSP e @filipebarrost. Venceremos! pic.twitter.com/BaAoHjOBM7
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) May 21, 2025
Entre as sanções consideradas estão o veto à entrada de Moraes nos Estados Unidos e o confisco de bens eventualmente registrados em território americano. No entanto, tanto o Departamento de Estado quanto a Casa Branca consideram o tema sensível e de “alto risco”, razão pela qual a decisão segue em avaliação.
No Palácio do Planalto, o entendimento é que qualquer punição contra Moraes deve ser encarada como um ataque à soberania do Brasil, com consequências diplomáticas.
A orientação é evitar reagir às provocações da extrema-direita, mas manter um posicionamento firme em defesa das instituições brasileiras. Caso as sanções se concretizem, o governo poderá exigir explicações formais dos Estados Unidos.
O posicionamento também é compartilhado pelo Partido dos Trabalhadores. O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), divulgou uma nota oficial em nome da bancada do partido.
“Nós, parlamentares do PT, defendemos a independência e a harmonia entre os poderes, bem como a soberania das instituições brasileiras. Repudiamos veementemente a tentativa do governo dos EUA de politizar decisões judiciais, atentando contra a soberania brasileira e o STF por sua atuação contra os golpistas liderados pelo ex-presidente da República”, afirmou.
“Não admitiremos qualquer forma de submissão ou ingerência estrangeira em nosso ordenamento jurídico. Nosso compromisso é com um país justo, democrático e soberano, onde o povo decida seu destino sem interferências externas.”
Bancada do PT repudia ameaças dos EUA ao ministro Alexandre de Moraes
A Bancada do PT na Câmara manifesta repúdio às gravíssimas declarações de ameaças de sanções feitas pelo secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, contra o ministro do Supremo Tribunal Federal…
— Lindbergh Farias (@lindberghfarias) May 21, 2025
No núcleo político do governo, a intenção é também desgastar o bolsonarismo ao evidenciar a ligação do campo extremista brasileiro com aliados de Donald Trump que atuam para deslegitimar instituições do Brasil.
“Alto risco”
A ideia do governo americano é mostrar que a política externa de Trump combaterá uma suposta censura contra as redes digitais, ponto central na estratégia da extrema-direita para ampliar sua influência por meio de campanhas de desinformação.
Essa ação não seria isolada. Desde o início da gestão Trump, foram adotadas leis que impedem o envio de recursos públicos dos EUA para entidades, ONGs, universidades ou governos estrangeiros que defendam pautas como o combate à desinformação ou a regulação das redes.
De acordo com assessores da Casa Branca, o Brasil tem papel fundamental nessa estratégia e faz parte de uma avaliação mais ampla que inclui apoiar países governados por alas progressistas para que, nos próximos dois anos, passem a ser administrados por aliados de Trump.
As eleições no Chile (2025), Colômbia (2026) e Brasil (2026) são consideradas estratégicas, assim como o pleito na Bolívia.
A pressão por uma ação contra Moraes aumentou após o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) intensificar o lobby junto à base mais radical do Partido Republicano em Washington. No entanto, o tema está sob análise na Casa Branca, e alguns elementos são considerados de “alto risco” para os próprios interesses americanos.
Uma ala do governo americano também teme que uma sanção contra o ministro brasileiro possa unificar uma frente ampla no Brasil contra qualquer candidato apoiado pelo bolsonarismo.

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