O governo Lula (PT) subiu o tom contra Donald Trump e autoridades norte-americanas, acusando-os de intromissão em assuntos que são de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro.
A manifestação se deu via Itamaraty, nesta terça-feira 15, após o perfil da embaixada americana no Brasil compartilhar uma publicação feita pelo ex-senador Marco Rubio, atual secretário de estado norte-americano, em que ele reitera as acusações de que o Supremo Tribunal Federal estaria atacando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na postagem, Rubio afirma que a carta enviada por Trump, impondo tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, seria uma resposta “aos ataques a Jair Bolsonaro, à liberdade de expressão e ao comércio dos EUA”. O secretário de Estado ainda se refere ao Supremo como o “Supremo Tribunal de Moares”. A publicação ocorreu na mesma noite em que a Procuradoria-Geral da República pediu a condenação de Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.
“O governo brasileiro deplora e rechaça, mais uma vez, manifestações do Departamento de Estado norte-americano e da embaixada daquele país em Brasília que caracterizam nova intromissão indevida e inaceitável em assuntos de responsabilidade do Poder Judiciário brasileiro”, destacou o órgão, em nota.
Sobre as questões comerciais, o órgão destacou que, desde março, o Brasil vem negociando com autoridades norte-americanas temas relacionados a tarifas, de interesse mútuo. “E está disposto a dar continuidade a esse diálogo, em benefício das economias, dos setores produtivos e das populações de ambos os países”, acrescentou.
“A equivocada politização do assunto não é de responsabilidade do Brasil, país democrático cuja soberania não está e nem estará jamais na mesa de qualquer negociação”, completou o órgão.
O governo Lula anunciou a criação de um comitê de empresários para tratar do tarifaço imposto por Trump. Também assinou, na noite da segunda-feira 14, o decreto que regulamenta a chamada Lei da Reciprocidade, abrindo caminho para que o Brasil adote medidas comerciais contra países que impuserem barreiras consideradas unilaterais e injustificadas a produtos brasileiros.