Durante a tradicional Análise Política da Semana, transmitida todos os sábados pela Causa Operária TV (COTV), o presidente nacional do Partido da Causa Operária (PCO) Rui Costa Pimenta, discutiu em profundidade a crise política nacional, denunciando o aprofundamento do regime autoritário instaurado no País após o golpe de 2016. Logo no início de sua análise, Pimenta destacou a escalada da censura no Brasil.

“Já está absolutamente claro que o direito […] de criticar as autoridades está sendo eliminado”, declarou, em referência à perseguição judicial de críticos de figuras do regime. O presidente do PCO alertou que o clima repressivo já surte efeito sobre o jornalismo: “o próximo jornalista que for fazer qualquer crítica a uma autoridade pública vai pensar dez vezes antes de colocar o dedo no teclado para publicar, e no final das contas, a esmagadora maioria não vai fazer uma crítica”.

Um caso ilustrativo, segundo ele, foi a condenação de um cidadão por ter chamado o ministro Gilmar Mendes de “vergonha para o Brasil”, em processo que utilizou o pretexto de assédio para restringir a liberdade de expressão. Ao abordar a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), Pimenta foi direto ao ponto: “a peça mais importante, mais decisiva para o golpe de Estado [de 2016] foi, justamente, o STF”.

O dirigente lembrou que os mesmos ministros que hoje encabeçam a campanha de censura — Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, entre outros — foram operadores centrais da derrubada do governo do PT. “Eles organizaram a derrubada do governo do PT em um plano muito bem montado – do Mensalão à campanha contra a corrupção”, afirmou, frisando que tudo isso se deu em sintonia com o imperialismo, que promovia golpes semelhantes por toda a América Latina.

Pimenta também criticou com dureza a propaganda para tolos de que o STF estaria atuando como um bastião democrático contra a extrema direita. “Agora o STF está em uma suposta luta contra o bolsonarismo e o pessoal vai e fala que não, o STF é ‘a defesa da democracia’”, ironizou. Em sua avaliação, essa visão é uma completa falsificação: “esse pessoal que deu um golpe de Estado é retratado como o salvador da democracia”.

O presidente do PCO também comentou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, amplamente propagandeado como uma resposta ao bolsonarismo, caracterizando-o como “uma farsa”. “Eles estão fazendo um julgamento, que todo mundo sabe que é uma farsa, acusando o Bolsonaro de golpe de Estado”, afirmou. Mesmo que alguns sejam condenados, como o próprio Bolsonaro e generais como Braga Netto, isso não terá impacto real sobre a força política da extrema direita. “A única coisa que vai acontecer é que o Bolsonaro, indivíduo, não vai participar da eleição — e esse é o único objetivo deles, tirá-lo da eleição”.

Por trás dessa operação, segundo Pimenta, está a tentativa de forjar uma “terceira via” sem apoio popular. “Agora aparece o Michel Temer, golpista mór, articulando uma frente com Zema, Caiado, Tarcísio, Leite… Abriram a porta do inferno”, declarou. Para ele, a campanha do “antibolsonarismo” serviu apenas para justificar o surgimento de uma candidatura reacionária disfarçada de “despolarização”.

Pimenta também chamou atenção para a fragilidade do governo Lula e sua completa submissão ao capital financeiro. Comentando entrevista recente de Luiz Gonzaga Belluzzo ao portal Brasil 247, na qual o economista reconhece que o governo está “sitiado pelo poder do mercado financeiro”, Pimenta ironizou: “o mérito é esse: você precisa dele para, quem sabe, o petista abrir os olhos para o que está acontecendo”. Segundo ele, Lula governa sob controle total do “polvo” do mercado: “o mercado financeiro pegou, colocou todos os tentáculos no governo ao ponto que o Lula está roxo de falta de ar”.

Mesmo figuras como Fernando Haddad, que mantém aparência moderada, seguem a mesma cartilha neoliberal. “O Haddad vai lá, de luva de pelica, e coloca o dedo no bolso do trabalhador para tirar o dinheiro. O próximo vai colocar a mão no pescoço do cidadão, estrangulá-lo e pegar tudo o que tem”, afirmou.

Sobre a ausência de reação do governo diante dessa situação, Pimenta foi enfático: “O Lula, quando ganhou a eleição, tinha uma oportunidade — e essa oportunidade residia em que ele convocasse as forças populares. Ele e o PT se negaram e isso condenou o governo ao que estamos vendo hoje.” Para ele, sem mobilização popular, não haverá saída para a crise. “O trem está no trilho, o trilho desaba em um precipício e o maquinista está dizendo que tá tudo bem”, comparou.

Outro tema abordado por Rui Costa Pimenta foi o episódio envolvendo Aldo Rebelo, que, ao criticar Alexandre de Moraes durante depoimento no STF, foi ameaçado de prisão. Pimenta apontou a arbitrariedade da ação: “Aldo Rebelo disse que o almirante estava à disposição, explicando que é uma força de expressão. Mas o Alexandre não gostou. Não pode questionar o imperador”. O presidente do PCO também questionou a condução do processo contra Bolsonaro, em que nem mesmo a defesa teve acesso às gravações e provas do inquérito.

“Aldo Rebelo, na mesma conversa, chamou o Alexandre de Moraes de analfabeto, que é um analfabeto mesmo, e falou que não admite ser censurado – depois recebendo voz de prisão.

Já imaginou ver isso na televisão? Aldo Rebelo recebeu voz de prisão porque queria testemunhar algo. Aldo Rebelo disse que o almirante estava à disposição, explicando que é uma força de expressão. Mas o Alexandre não gostou. Não pode questionar o imperador.

Agora, os advogados do Bolsonaro estão reclamando com uma certa dose de razão que estão tendo que defender o cliente deles sem saber o que se passou no inquérito do processo, porque não receberam a gravação da conversa com o Cid e os documentos do processo. Como você vai poder defender alguém se você não recebe os documentos do inquérito do processo?

É uma loucura total o que estão fazendo.”

Sobre as sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos a Alexandre de Moraes, Pimenta reiterou a posição tradicional do partido: “Logicamente somos contra. Por pior que seja a política nacional, quem tem que definir são os brasileiros”. E completou: “é uma briga da bandidagem. O Alexandre faz a bandidagem dele aqui e os EUA fazem lá. […] Vamos defender o país, ele não. Peninha no Alexandre não vamos ter também.”

Por fim, criticou com veemência a votação no Senado que aprovou, por unanimidade, o “dia da amizade Brasil-Israel”. “O PT, que tem 10 senadores, votou nessa proposta. Os 10 senadores ou votaram, ou não foram para não se comprometer”, denunciou. “É como votar se tem que matar no campo de concentração ou não e você votar a favor de matar. É monstruoso”, sentenciou, apontando a cumplicidade do partido com os crimes da entidade sionista. “Aí o Lula, que é a rainha da Inglaterra — reina e não governa —, vai lá e fala que é um genocídio. No dia seguinte, o PT vota o dia da amizade com os genocidas. É uma aprovação do genocídio.”

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Last Update: 25/05/2025