Um dos economistas mais respeitados no meio acadêmico, Ladislau Dowbor afirmou em entrevista exclusiva ao GGN, na noite de quinta (7), que as medidas anunciadas pelo governo Lula 3 para conter a alta no preço dos alimentos são “medidas boas” em caráter emergencial. No entanto, para conter a subida a longo prazo, Lula terá de tirar do papel medidas “estruturais”, afirmou Dowbor.
Em entrevista ao jornalista Luis Nassif, Dowbor analisou o anúncio do governo federal, que envolveu a redução de impostos sobre alimentos e parcerias com o setor privado para controlar os preços.
“Essas medidas são boas, são de emergência. Mas a longo prazo, medidas estruturais são necessárias. Medidas estruturais são o apoio ao pequeno agricultor (e o Lula está fazendo isso); retomar o sistema de estoques reguladores; organizar o que eu vi na China e na Europa: toda cidade tem um cinturão verde hortifruti granjeiro que fornece alimentos locais e gera empregos. Ou seja, tem que empurrar do lado da produção. E, para mim, a isenção de impostos sobre grandes corporações do agro, que usam a água daqui, o solo daqui, e depois exportam esses produtos e sequer pagam impostos, isso é surrealista“, disparou Dowbor.
Ao longo do programa [assista abaixo], Nassif e Dowbor abordaram a atual situação econômica do Brasil e as dificuldades enfrentadas pelo governo Lula, incluindo a inflação dos alimentos e o impacto da taxa Selic. Dowbor frisou a importância de existir um projeto maior para enfrentar esses problemas, lembrando que o Brasil tem o suficiente para alimentar sua população, mas que a distribuição de recursos e as políticas fiscais precisam ser melhoradas.
“Chama inflação de lucros, o que está gerando [alta de preços] hoje. Há um controle de grandes grupos sobre os preços: eles elevam os preços para aumentar os lucros, simplesmente. (…) Essas medidas que Lula traz são positivas, mas são de muito curto prazo. Você reduz o imposto sobre importação, mas você está cortando na carne do governo. A gente tem que cortar na carne dos que exploram esse conjunto.”
Dowbor também destacou a necessidade de reduzir a dependência do dólar, uma vez que a valorização da moeda afeta diretamente os preços de produtos no Brasil, especialmente na agricultura.
“Um ponto relevante para entender também é a vulnerabilidade do Brasil e os movimentos de câmbio. Os preços dos produtos, dos cereais, eles estão diretamente vinculados ao câmbio. Se o câmbio aumenta, além do preço da soja em reais, ele vai querer transferir para cá também esse aumento. Então, esse é um ponto sensível.”
O economista criticou as concessões ao setor financeiro, em vez de investir em áreas como a agricultura familiar, que seria uma maneira de gerar mais emprego e reduzir a inflação. Dowbor também discutiu o impacto dos altos juros sobre a economia e as pequenas empresas, além de destacar a evasão fiscal e isenções fiscais como fatores que contribuem para a desigualdade.
Por fim, ele sugeriu que a transformação do sistema financeiro e a mudança nas prioridades econômicas são essenciais para um desenvolvimento mais equitativo e sustentável.
Assista a entrevista abaixo, a partir dos 30 minutos:
Este texto foi escrito com auxílio de Inteligência Artificial e editado pela equipe de jornalismo do GGN.