O presidente Lula (PT) apresentou nesta quarta-feira 13 um pacote emergencial de medidas para mitigar os efeitos do tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, especialmente industrializados e commodities. No centro das ações está uma Medida Provisória que cria uma linha de crédito de 30 bilhões de reais para empresas que perderam competitividade com a nova política comercial norte-americana.

O plano anunciado no Palácio do Planalto prevê ainda a ampliação das compras públicas, com prioridade para produtos perecíveis que ficaram sem destino externo. O pacote também conta com o adiamento por até dois meses no pagamento de tributos e contribuições federais e incentivos para que empresas busquem novos mercados.

O governo Lula, por fim, também sinaliza que poderá adotar medidas pontuais de reciprocidade contra produtos norte-americanos, mas descarta ações generalizadas para não prejudicar a economia interna.

Aceno ao Brics

Segundo Lula, a estratégia não se resume a compensar perdas imediatas, mas também a abrir novas frentes de exportação. Ele anunciou que pretende levar 500 empresários brasileiros para a Índia em janeiro de 2026, além de já ter fechado “400 acordos para venda de carne de boi e miúdos para as Filipinas”.

Para o presidente, a reação brasileira deve ser firme, porém sem provocar rupturas. “A soberania nossa é intocável, ninguém pode se meter com isso”, afirmou, frisando que as razões do tarifaço são políticas e não comerciais.

O presidente reforçou também que o governo seguirá tentando diálogo com Washington e que não deseja confronto direto, mas avisou que está pronto para defender os interesses nacionais. Ele afirmou que discutirá o tema com líderes do Brics para buscar uma resposta conjunta e garantiu que, caso os EUA não comprem, o Brasil encontrará novos parceiros ou absorverá a produção no mercado interno. “Ao invés de ficar chorando com o que perdemos, vamos procurar negócios em outro lugar”, concluiu.

Defesa do Supremo

Lula também comentou sobre o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal. Ele rejeitou críticas internacionais de que o processo não seria justo e afirmou que o réu está sendo julgado por juízes que receberam delações de pessoas também investigadas por tentativa de golpe.

Segundo o presidente, essa narrativa de questionamento da Justiça brasileira é usada como pretexto político para o tarifaço, reforçando sua avaliação de que as razões da medida norte-americana não têm relação com comércio, mas sim com disputas ideológicas.

Tarifaço é injustificável, diz Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ao discursar no evento, classificou a medida norte-americana como “injustificável do ponto de vista político e econômico” e disse que ela conta com o apoio de setores radicalizados no Brasil.

Ele detalhou também que o pacote inclui a criação de um fundo garantidor para exportações com juros reduzidos, implantação de um sistema de seguros e suporte específico a pequenos e médios produtores. Haddad ressaltou ainda que, até o final de 2026, nenhum exportador brasileiro deverá pagar imposto sobre suas vendas externas.

Alckmin prega cautela

O vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (PSB), por fim, destacou o desempenho recente das exportações brasileiras, chamando o resultado de “superávit impressionante”, mas ponderou que é preciso calibrar as medidas para que não se tornem permanentes e resultem em um protecionismo excessivo.

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Last Update: 13/08/2025