O governo da Itália informou nesta sexta-feira 13 que não tem informações oficiais sobre o paradeiro da deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP). Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) à prisão por 10 anos e à perda do mandato, ela, que tem também cidadania italiana, deixou o Brasil e, depois de passar pelos Estados Unidos, viajou para a Itália.
A subsecretária do ministério do Interior da Itália, Wanda Ferro, afirmou ao parlamento italiano que Zambelli desembarcou em Roma no último dia 5, em um voo que partiu de Miami (EUA). Segundo o governo, ela não foi detida na ocasião pois ainda não havia informações sobre a deputada na lista de procurados da Interpol – o pedido de inclusão do nome dela foi formalizado na véspera, dia 4, e aprovado no dia 5, horas depois do desembarque da parlamentar, segundo o governo italiano.
“O lapso de tempo entre a chegada da senhora Zambelli e a divulgação da notificação da Interpol não permitiu que as autoridades policiais de fronteira italianas procedessem à prisão, visto que, no momento da verificação, ela não aparentava ter antecedentes criminais em território nacional e nenhuma prova desfavorável foi encontrada nos documentos”, justificou Ferro.
A subsecretária ministerial falou sobre o caso de Zambelli em resposta ao deputado Angelo Bonelli, do partido AVS (sigla em italiano para “Aliança entre os Verdes e a Esquerda”). O governo italiano, é bom lembrar, é chefiado pela extrema-direita de Giorgia Meloni.
“Estou chocado com a gravidade das declarações que este governo comunicou ao parlamento”, afirmou Bonelli. “Senhora subsecretária, isto é uma vergonha. O governo, o ministério do Interior sabiam que a procurada Carla Zambelli estava para chegar à Itália e não acionou as medidas de vigilância”, prosseguiu.
Segundo a subsecretária, investigações policiais estão em andamento para tentar localizar a parlamentar brasileira na Itália, mas, por enquanto, sem sucesso. Ainda de acordo com a representante do governo italiano, as autoridades do país europeu atuam em colaboração com a polícia do Brasil.
Carla Zambelli foi condenada em maio deste ano a 10 anos de prisão e a perda do mandato depois de invadir os sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) para inserir informações falsas, contando com apoio do hacker Walter Delgatti – que foi condenado a 8 anos de reclusão.
No último dia 3, a parlamentar disse, em live de canal bolsonarista no YouTube, que tinha deixado o país. Ela deu informações desencontradas e chegou a dizer que já estava na Europa mas, mais tarde, deixou claro que estava nos EUA, de onde embarcou para a Itália.
O advogado Fábio Pagnozzi, que assumiu a defesa da deputada, admitiu que “existe grande possibilidade de ela ser presa” na Itália, e que está em busca de habeas corpus. Ele afirmou que Zambelli está em Roma, e que evita sair às ruas.