O Ministério da Defesa do governo golpista da Síria anunciou a conclusão de uma “operação militar na costa, após os estabelecimentos públicos retomarem suas atividades”, alegando que erradicou as “células e membros do antigo regime” nas províncias de Tartus e Latakia. O governo golpista ainda fez um alerta aos “remanescentes” do “antigo regime” e seus agentes: “Se vocês voltarem, nós voltaremos, e não recuaremos”.
O antigo regime ao qual o governo golpista se refere é o regime de Bashar Al-Assad, presidente sírio derrubado no final do ano de 2024, em uma ofensiva imperialista que contou com a mobilização de tropas sionistas e de mercenários treinados pelos sistemas de inteligência dos Estados Unidos. Desde a queda de Assad, o país vem sendo governado por uma junta alinhada aos norte-americanos, que castigam o país há mais de uma década, impondo sanções criminosas.
Segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, sediado no Reino Unido, mais de 1.000 pessoas, incluindo cerca de 700 civis, morreram no massacre comandado pelos goplistas.
Segundo a emissora libanesa Al Mayadeen, fontes locais confirmaram que a situação começou a se acalmar na região costeira da Síria, na medida em que uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) iniciou um reconhecimento pela cidade de Jableh. Segundo as fontes, “um estado de calma cautelosa prevalece em várias áreas do interior de Latakia, especialmente após a retirada de combatentes estrangeiros dessas regiões”.
As mesmas fontes relataram que “muitos moradores ainda vagam pelas florestas e áreas rurais, com medo de retornar para suas casas após os massacres ocorridos”.
A presidência síria para o “período de transição” anunciou a criação de um “comitê nacional independente” para investigar e esclarecer os fatos sobre os recentes acontecimentos na região costeira.
Uma reportagem do jornal norte-americano The New York Times apresentou vários relatos de civis fugindo em desespero.
“Estou chocado, simplesmente chocado”, disse Moustafa, um farmacêutico. No sábado à noite, ele só pensava em sair da cidade. “Temos que sair daqui o mais rápido possível”, acrescentou. “Não está seguro, nem um pouco seguro”.
Segundo o relatório, Moustafa foi um dos muitos que fugiram de Baniyas no sábado, buscando abrigo com amigos não alauítas na esperança de evitar a violência em seus bairros.
A reportagem também trouxe um relato aterrorizante de Wala, uma moradora de 29 anos, que descreveu como “saltou da cama instintivamente e se escondeu em um canto do quarto quando ouviu tiros do lado de fora da janela”.
À medida que os disparos se intensificavam, ela se aproximou cautelosamente da janela e afastou a cortina. Do lado de fora,“viu dezenas de pessoas fugindo, muitas ainda de pijama, perseguidas por quatro homens com uniformes verde-escuros”.
Os homens abriram fogo e, em segundos, quatro dos fugitivos caíram no chão. “Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Estava apavorada, apavorada”, disse Wala, que pediu anonimato por medo de represálias.