A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, afirmou que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública será apresentada pelo governo ao Congresso em abril, após a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Japão.
A declaração de Gleisi foi feita durante entrevista à CNN nesta sexta-feira (21), um dia após um discurso objetivo do presidente contrário à atuação de criminosos.
“Nós vamos ter que enfrentar a violência, sabendo que nós temos que enfrentar o crime organizado. E não é o estado sozinho, é o estado, é o município e é o governo federal. Porque a gente não vai permitir que os bandidos tomem conta do nosso país”, declarou o presidente.
“A gente não vai permitir que a ‘República de Ladrão de Celular’ comece a assustar as pessoas nas ruas deste país”, emendou Lula.
“É por isso que nós estamos apresentando uma PEC da Segurança para que a gente possa, junto com os governadores de estado e com os prefeitos, a gente definitivamente dizer que o Estado é mais forte do que os bandidos. E o lugar de bandido não é na rua assaltando e assustando as pessoas, e matando pessoas. É esse país que nós vamos construir”, prosseguiu.
Elaborada pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o texto será apresentado ao Congresso e, em seguida, avaliado pela Comissão de Constituição e Justiça e por outra comissão especial.
Só então será encaminhada para votação em dois turnos no plenário da Câmara e, em seguida, pelo Senado.
Pesquisa
O novo tom de Lula vai ao encontro dos resultados de pesquisas de opinião pública, que apontam queda de popularidade do governo tendo em vista a violência enfrentada diariamente pelos cidadãos.
Um levantamento recente da Atlas Intel aponta que 60% dos entrevistados consideram a gestão Lula como ruim ou péssima, influenciados especialmente pela violência, preocupação de 91,4% dos entrevistados.
A pesquisa apontou ainda que, para 73,2%, a criminalidade está piorando no país.
A percepção de que a criminalidade é um dos principais problemas sociais do país não é recente. O medo de roubos, assaltos, latrocínios, entre outros crimes está levando cada vez mais agentes para o poder.
Em 2024, ano de eleições municipais, o número de agentes eleitos bateu recorde: 856 candidatos – 759 vereadores, 52 prefeitos e 45 vice-prefeitos – venceram o pleno no ano passado, maior número desde o início da série histórica, em 2012.
O Partido Liberal (PL) do ex-presidente Jair Bolsonaro é o que teve mais candidaturas com essas características e maior número de eleitos, seguido por outros partidos do Centrão (Progressistas, Republicanos, MDB, PSD, União Brasil e Podemos).
Aumentar a presença de policiais militares nos municípios foi, inclusive, uma estratégia da PM.
Em junho de 2024, o GGN mostrou que os policiais promoveram o 1º Congresso Político da Associação de Subtenentes e Sargentos da Polícia Militar de São Paulo (ASSPM), evento criado com o objetivo de dar suporte aos agentes interessados em lançar uma carreira política.
O objetivo do grupo era eleger, pelo menos, um vereador em cada um dos 645 municípios paulistas. “Juntos podemos chegar ao número de 600 mil votos”, disse o tenente Írio Trindade de Jesus, então presidente da ASSPM.
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