Governo eleva previsão oficial de inflação para 2025 acima da meta estabelecida pelo CMN

A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda revisou nesta segunda-feira (20) a projeção da inflação oficial para 2025, elevando a estimativa do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 4,9% para 5%.

O novo percentual supera o teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 4,5%. A atualização foi divulgada no Boletim Macrofiscal de maio, publicado pela própria secretaria.

Segundo o relatório, a expectativa é de que a desaceleração da inflação ocorra de forma mais consistente a partir de setembro. De acordo com o documento, a elevação na estimativa decorre de surpresas nos índices de março e de revisões pontuais no cenário projetado.

“Apesar da contribuição do cenário externo para a inflação doméstica ser negativa no curto prazo, como o aumento marginal no ritmo de crescimento observado no primeiro trimestre e maior defasagem do repasse da avaliação cambial aos preços em cenário de aumento da volatilidade levou a um pequeno avanço nas estimativas de inflação”, destaca o boletim.

O Boletim Macrofiscal orienta as diretrizes econômicas e orçamentárias do governo federal e é utilizado como referência para a formulação de políticas públicas. A revisão do IPCA para 2025 ocorre em um momento de persistência de pressões inflacionárias em segmentos relevantes da economia, especialmente alimentos e combustíveis.

Em abril, o IPCA registrou alta de 0,43%, maior variação para o mês desde 2023. Os grupos que mais contribuíram para o avanço foram Alimentação e bebidas (0,82%) e Saúde e cuidados pessoais (1,18%). Por outro lado, o grupo Transportes apresentou deflação, influenciado por recuos de 14,15% nas passagens aéreas e de 0,45% nos combustíveis.

Os produtos alimentícios foram os principais responsáveis pelo impacto de 0,18 ponto percentual no índice de abril. Entre os itens com maior elevação de preços estão tomate, leite e perdas. A alta foi parcialmente compensada por quedas nos preços do mamão e do arroz.

A SPE observou, no entanto, que itens tradicionais da cesta básica, como arroz, feijão e óleo de soja, apresentaram recuo nos preços no primeiro quadrimestre, influenciados por uma safra de grãos considerada recorde e pela retirada de tarifas de importação sobre o azeite.

Durante a apresentação do boletim, o secretário de Política Econômica, Guilherme Mello, comentou sobre os possíveis efeitos das medidas comerciais dos Estados Unidos sobre os preços no Brasil.

Segundo ele, ações adotadas pelo governo norte-americano, sob a liderança de Donald Trump, podem gerar repercussões nos países latino-americanos.

“Para os países da América Latina, incluindo o Brasil, entendemos que a imposição dessas tarifas [dos Estados Unidos e retaliação da China] pode até ter algum efeito positivo, do ponto de vista da redução da inflação”, afirmou Mello.

O IPCA acumulado em 12 meses até abril chegou a 5,53%, segundo os dados mais recentes. A meta de inflação definida para 2025 permanece em 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, entre 1,5% e 4,5%.

A projeção atual da SPE e as estimativas do mercado, que indicam inflação de 5,5% no próximo ano, apontam para a possibilidade de a meta ser descumprida pela terceira vez consecutiva.

A partir de 2025, o regime de metas de inflação adotará uma nova metodologia, de caráter contínuo. Nesse modelo, o descumprimento será caracterizado caso o índice ultrapasse o intervalo de tolerância por seis meses consecutivos. A mudança amplia a responsabilidade do Banco Central, que terá de atuar em um ambiente de menor previsibilidade, já que não contará mais com o limite de um calendário anual fixo para avaliação do cumprimento da meta.

Além do IPCA, a Secretaria de Política Econômica atualizou a estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), indicador utilizado como base para reajustes salariais e benefícios sociais. A projeção para o INPC em 2025 passou de 4,8% para 4,9%. O boletim também trouxe estimativas para outros índices de preços, como o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), cuja previsão de alta para 2025 é de 5,6%.

As expectativas para 2026 indicam melhora no controle da inflação. A previsão é de que o IPCA fique em 3,6% e o INPC em 3,5%, ambos dentro da meta estabelecida. No cenário macroeconômico projetado, o Produto Interno Bruto (PIB) deve crescer 2,4% em 2025 e 2,5% em 2026, sinalizando uma expansão moderada da economia brasileira nos próximos anos.

Artigo Anterior

Petrobras avança no licenciamento ambiental para operação na Margem Equatorial

Próximo Artigo

Entidades propõe revisão de multas na reforma tributária e fiscalização unificada

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter por e-mail para receber as últimas publicações diretamente na sua caixa de entrada.
Não enviaremos spam!