Após o governo de Donald Trump confirmar a aplicação de tarifas de 25% para produtos exportados do México, a presidenta Claudia Scheinbaum disse neste domingo 2 que a soberania do país “não está em negociação”. Ela afirmou que o governo dos EUA foi muito “irresponsável” nas acusações feitas ao México. As tarifas anunciadas pelos EUA devem entrar em vigor nesta terça-feira 4.

Trump disse neste domingo que terá conversas com os líderes do Canadá e do México nesta segunda-feira 3, após a aprovação das tarifas alfandegárias. Os dois países prometeram adotar represálias.

Ele assume que os americanos correm o risco de “sofrer” com as medidas, mas disse que este é o preço a pagar por uma “nova era de ouro” nos Estados Unidos. Os analistas alertam que uma guerra comercial pode desacelerar o crescimento dos Estados Unidos e elevar os preços ao consumidor a curto prazo.

A presidenta mexicana disse que as tarifas de 25% vão impactar as economias dos dois países e aumentar o preço dos produtos nos EUA. Ela também disse estar trabalhando na aplicação do que chamou de “plano B”, que seria a resposta do governo mexicano às medidas anunciadas por Trump.

Scheinbaum disse ter dado “carta branca” para que o secretário de Economia, Marcelo Ebrard, colocasse em prática o plano, que inclui medidas tarifárias e não tarifárias de interesse do México. Os detalhes das medidas devem ser divulgados nesta segunda-feira.

Crime organizado

Segundo a presidente mexicana, o governo americano não tem feito nada para combater a venda de drogas, e o consumo do fentanil tornou-se um problema de saúde pública.

Após o anúncio feito pela Casa Branca, a presidenta escreveu, em um comunicado, que o governo mexicano rejeitava as acusações de que o país tenha alianças com organizações criminosas. “As armas para as facções são vendidas nas lojas de armas dos Estados Unidos, como demonstrou o próprio departamento de Justiça do país em janeiro deste ano”, afirmou.

Claudia Sheimbaum disse ainda que o México não quer “confronto”, mas sim trabalhar em colaboração, buscando estratégias conjuntas com o governo dos EUA, “sempre com base no respeito e na confiança”.

Os Estados Unidos são o principal parceiro comercial do México. Segundo dados do Instituto Nacional de Geografia, 84% das exportações do México em 2024 foram para os Estados Unidos. Entre os principais produtos exportados estão frutas, como o abacate, além dos computadores, carros e peças para automóveis.

Canadá presta queixa na OMC

Em represália, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, anunciou no sábado que responderia com tarifas de 25% sobre produtos selecionados dos Estados Unidos avaliados em US$ 106 bilhões, em uma primeira rodada de medidas a partir de terça-feira, seguida por uma segunda fase dentro de três semanas.

Governadores de várias províncias canadenses também anunciaram ações de retaliação, incluindo a suspensão imediata de compras de bebidas alcoólicas dos Estados Unidos.

Na tentativa de limitar o aumento nos preços dos combustíveis e da energia elétrica, Trump estabeleceu uma tarifa de apenas 10% para as importações de energia do Canadá.

Os Estados Unidos pagam “centenas de bilhões de dólares para SUBSIDIAR o Canadá”, escreveu Trump em sua rede social Truth, referindo-se ao déficit comercial do país com a nação vizinha. “Sem o subsídio massivo, o Canadá deixa de existir como um país viável. Portanto, o Canadá deveria se tornar nosso querido 51º estado”, acrescentou.

Neste domingo, uma fonte do governo canadense afirmou que o Canadá apresentará uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) devido à “violação dos compromissos comerciais” dos Estados Unidos e do tratado T-MEC, que inclui o México.

Ottawa também apresentará um recurso no âmbito do T-MEC. Já a China declarou neste domingo que se “opõe firmemente” às novas taxas impostas de 10% sobre as já existentes e prometeu tomar “contramedidas”, incluindo também um recurso contra Washington na OMC.

“A China espera que os Estados Unidos observem e enfrentem de forma objetiva e racional seus próprios problemas, como o do fentanil, em vez de ameaçar constantemente outros países com tarifas”, disse o Ministério do Comércio Exterior de Pequim.

UE discute ameaça de Trump

Os chefes de Estado e de governo da União Europeia se reunirão em Bruxelas na segunda-feira para discutir como agir diante das ameaças a Donald Trump, após o presidente dos EUA ameaçar impor tarifas adicionais sobre mercadorias europeias importadas pelos Estados Unidos.

“A UE nos tratou muito mal”, disse Trump nesta sexta-feira. “Eles realmente se aproveitam de nós. Temos um déficit de US$ 300 bilhões. Eles não compram nossos carros ou nossos produtos agrícolas, e nós compramos milhões de carros, níveis enormes de produtos agrícolas”, disse a repórteres, “não tenho um cronograma, mas é muito em breve”.

(Com AFP)

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Last Update: 03/02/2025