A Marcha para Gaza teve início na segunda-feira (9), quando milhares de manifestantes, de vários países, partiram da Tunísia em direção ao Egito, com o objetivo de chegar à cidade de Rafá, na fronteira com a Palestina, e romper o bloqueio terrestre de “Israel” contra a Faixa de Gaza. Ao chegar ao Egito, milhares de outros manifestantes de diversos países se juntariam à Marcha.

Falando diretamente do Cairo, Egito, Adriana Machado, representante do Partido da Causa Operária (PCO) na manifestação, denunciou que o aparato de repressão egípcio está prendendo e se preparando para deportar inúmeros manifestantes.

A representante do PCO informou que o grupo de manifestantes do qual ela fazia parte havia combinado de se encontrar em uma parte próxima do hotel onde ela estava. Ela denuncia que “no meu hotel, me perguntaram se eu estava aqui por turismo ou para ir a Gaza” e que seu grupo avalia: “o regime está fazendo os hotéis perguntarem, para poder prender e deportar as pessoas”.

Em vídeo, ela denunciou também que inúmeras viaturas de polícia estavam cercando a praça e se preparando para invadir os hotéis atrás de qualquer pessoa que fizesse parte da marcha:

“Está uma intensa presença da polícia egípcia na praça onde os integrantes da marcha estão ficando, preparando para invadir os hotéis. Nós estávamos marcados de sair hoje, mas a polícia amanheceu na praça onde a gente iria se encontrar e tem um grande número de policiais com equipamento militar, parece que estão se preparando para invadir os hotéis. Quando fui lá, me pediram meu passaporte e parece que a marcha vai ter dificuldade de sair. Muitas pessoas já foram presas e deportadas e parece que nosso ponto de encontro está agora sendo intensamente monitorado pela polícia egípcia e a gente ainda não sabe o que vai acontecer.”

A representante do PCO eventualmente conseguiu se juntar a uma parte de seu grupo em outro local. Ao tentar sair do local em direção ao seu destino (próximo ao Canal de Suez), a polícia abordou o táxi em que eles estavam, perguntando ao taxista para onde os estava levando.

Ela informou que havia cinco postos policiais de controle até o ponto de encontro. Contudo, enquanto seu grupo se deslocava em direção ao primeiro, recebeu a informação de que as pessoas estavam sendo barradas lá, e muitas estavam sendo presas.

Ao chegar ao primeiro posto de controle, havia uma manifestação grande das pessoas que foram barradas. Os policiais do posto de controle abordaram a representante do PCO e as pessoas de seu grupo e confiscaram seus passaportes. Isso aconteceu com centenas de pessoas, conforme informado por Machado. Ela também informou que os agentes da repressão do Estado egípcio fotografaram os passaportes.

Os documentos só foram devolvidos depois de horas: “eles jogaram todos no chão e depois dividiram em nacionalidades e, horas depois, devolveram os passaportes”, informou Machado, acrescentando que “não é certo se algumas pessoas vão tentar continuar ou não. Tem mais três postos policiais onde as pessoas continuam sendo paradas. Parece que a maioria vai ter que voltar”. Em vídeo enviado ao Diário Causa Operária, a representante do PCO deu novos detalhes:

“A gente está tentando ir para perto do Canal de Suez, para encontrar com o resto do grupo e, na primeira parada de checagem da polícia, a gente encontrou esse grupo imenso de pessoas que tiveram o passaporte recolhido pela polícia e que estão em perigo de serem deportados. Eu acho que a mesma coisa vai acontecer com a gente. A polícia está com os nossos passaportes e a gente vai se juntar ao protesto aqui, pressionando o governo egípcio para deixar a marcha chegar em Gaza, na divisa do Egito com Gaza, para pressionar o governo sionista nazista de ‘Israel’.”

Ela informou ainda que não sabe se conseguirão chegar até Rafá, mas, mesmo que não consigam, a iniciativa é importante tanto para denunciar o genocídio perpetrado por “Israel” quanto a repressão por parte do governo egípcio. Segundo a representante do PCO, “se o governo egípcio não permitir, o povo egípcio vai ficar contra”.

Manifestantes são detidos no aeroporto e deportados

Em inúmeros vídeos que estão sendo publicados em canais de comunicação nas redes sociais, manifestantes denunciam terem sido detidos no Aeroporto do Cairo pelo exército egípcio e depois deportados.

Em um dos vídeos publicados, um manifestante turco denuncia o servilismo do Egito perante “Israel”:
“Não é o exército de ocupação israelense, é o exército egípcio que está nos expulsando. A história registrará isso.”

https://x.com/MenchOsint/status/1933124647916020027

Outro vídeo mostra dezenas de manifestantes cercados por militares egípcios sendo obrigados a entrar em um avião para fora do Egito:

https://x.com/warfareanalysis/status/1933219981271183428

Ainda, manifestante membro da delegação alemã denuncia que todo o grupo foi preso logo ao chegar ao Egito e imediatamente deportado a Berlim:

https://x.com/F_urx2standards/status/1933127424813748254

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Last Update: 14/06/2025