O governo federal começa, nesta segunda-feira (13), a coordenar ações de proteção às famílias do assentamento Olga Benário, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em Tremembé, São Paulo. A ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, esteve no velório das vítimas do ataque, ocorrido na noite de sexta(10), que deixou dois mortos e seis feridos.

Durante a visita, a ministra anunciou que o assentamento será incluído no Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas (PPDDH), que prestará apoio psicológico e proteção coletiva à comunidade. O programa tem por objetivo oferecer proteção às defensoras e aos defensores de direitos humanos, comunicadoras e comunicadores e ambientalistas que estejam em situação de risco, vulnerabilidade ou sofrendo ameaças em decorrência de sua atuação em defesa desses direitos.

Segundo Evaristo, equipes do programa realizarão uma “ação de escuta” para entender as necessidades das famílias e implementar medidas de segurança, como câmeras de monitoramento e treinamentos específicos.

“Queremos construir uma agenda de proteção coletiva para a comunidade, garantindo que ela tenha os meios necessários para se sentir segura e protegida”, afirmou a ministra, destacando que o governo federal trabalhará em articulação com as lideranças do assentamento e outros órgãos competentes.

No sábado (18), às 9h, será realizada uma missa de sétimo dia em memória das vítimas, seguida de um ato político organizado pelo MST. Gilmar Mauro, da direção nacional do movimento, convidou a população e as lideranças para participar do evento e reforçou as denúncias de especulação imobiliária na região.

“O capital imobiliário tenta avançar sobre as nossas terras às custas de sangue e sofrimento. Este ato será um momento de luta e de exigência por justiça e proteção para os assentados”, afirmou Mauro.

No último sábado (11), a Polícia Civil de São Paulo prendeu um suspeito apontado como líder do ataque, conhecido como “Nero do Piseiro”. Segundo o delegado Marcos Ricardo Parra, o homem confessou a participação no atentado e está colaborando com informações sobre outros envolvidos. A polícia ainda busca identificar outros responsáveis e apurar a motivação do crime, que teria ligação com disputas por lotes no assentamento.

De acordo com o MST, o assentamento Olga Benário enfrenta ameaças constantes devido à pressão de especuladores imobiliários interessados na área para fins de turismo e lazer. A comunidade é regularizada pelo Incra há cerca de 20 anos e abriga 45 famílias.

O ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Social e Agrário, também esteve presente no velório e reforçou o compromisso do governo em avançar com a reforma agrária e garantir a segurança dos assentados. “O que aconteceu aqui não vai constranger o programa de reforma agrária. Vamos proteger as famílias e avançar na produção de alimentos e na regularização das terras”, declarou.

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Last Update: 13/01/2025