Durante o evento Google For Brasil 2025, realizado nesta terça-feira, 10, em São Paulo, o Google anunciou a integração do navegador Chrome ao sistema Pix, plataforma de pagamentos instantâneos do Banco Central. A funcionalidade em teste permitirá que usuários realizem pagamentos diretamente na página de resultados de busca ou em sites de e-commerce, sem a necessidade de alternar de janela ou aplicativo.
Segundo o Google, a novidade está sendo testada por 500 varejistas, entre eles Amazon, Americanas, Magalu, Droga Raia e Drogarias Pacheco. As transações serão processadas por meio do Google Pay, que passa a suportar chaves e QR Codes Pix dentro do próprio navegador.
Integração com Google Pay e Google Lens
A ferramenta de busca do Chrome exibirá botões de pagamento ao lado de produtos listados nos resultados. Ao clicar, o usuário confirmará a chave Pix e concluirá a compra sem sair da página. A integração se baseia no Google Pay, já habilitado para pagamentos com Pix na Carteira do Google em dispositivos Android.
Além do Chrome, a carteira digital do Android receberá suporte a QR Codes Pix escaneados pelo Google Lens. Ao apontar a câmera para um código, o Lens reconhecerá a chave Pix e abrirá interface para inserir o valor e finalizar a transação. O recurso exige Android 9 ou versões superiores.
A funcionalidade “Circule para pesquisar”, baseada em inteligência artificial, também foi aprimorada. Segundo o portal Cointelegraph, a ferramenta identificará chaves Pix em textos exibidos pelo navegador e oferecerá opção para iniciar transferência instantânea.
Camada extra de segurança
Em comunicado, o Google informou que adicionou PIN de quatro dígitos para confirmação de qualquer operação via Pix no Chrome. Caso seja ativada, a proteção solicitará o código antes de concluir o pagamento.
Crescimento do Pix e resposta do Banco Central
O anúncio do Google ocorre em contexto de recordes no sistema Pix. Na sexta-feira (6), o Banco Central registrou 276,7 milhões de transferências em um único dia, movimentando R$ 135,6 bilhões. O volume corresponde ao quarto maior valor diário desde o lançamento da plataforma. O recorde financeiro foi alcançado em 20 de dezembro de 2024, com R$ 162,9 bilhões movimentados.
Em nota, o Banco Central afirmou:
“Os números são mais uma demonstração da importância do Pix como infraestrutura digital pública, para a promoção da inclusão financeira, da inovação e da concorrência na prestação de serviços de pagamentos no Brasil”.
Lançado em novembro de 2020, o Pix contava com 175,47 milhões de usuários ao final de maio de 2025. Deste total, 159,92 milhões eram pessoas físicas e 15,56 milhões, pessoas jurídicas. Somente em abril de 2025, o sistema movimentou mais de R$ 2,6 trilhões.
Próximas etapas: Pix 2.0
Na abertura da Febraban Tech 2025, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, anunciou que novas funcionalidades serão incorporadas ainda em 2025. Ele se referiu ao pacote como “Pix 2.0”, sem detalhar prazos ou especificações.
Impacto no mercado de pagamentos
A integração do Pix ao Chrome coloca o Google em posição de destaque na evolução dos meios de pagamento no Brasil. Ao consolidar ferramentas de busca, carteira digital e inteligência artificial, o Google busca tornar o processo de compra mais direto para usuários e comerciantes.
Para varejistas, a novidade pode reduzir etapas de checkout e, segundo a empresa, “facilitar tanto a vida do usuário quanto a dos comerciantes”.
“Depois de inovarmos trazendo o Pix, meio de pagamento favorito do brasileiro, para a Carteira do Google, damos um passo em direção à maior comodidade nas transações digitais durante compras on-line e offline”, afirmou Natacha Litvinov, Head de Parcerias de Pagamentos para a América Latina no Google.
A medida também sinaliza aos reguladores e ao setor financeiro que as plataformas de tecnologia global buscarão estreitar laços com infraestruturas de pagamento locais. A adoção pelo Google poderá incentivar concorrentes a integrar sistemas de pagamento instantâneo em navegadores e assistentes virtuais.
Considerações finais
Com testes iniciados em 500 varejistas, o Google poderá expandir o recurso para outros mercados e parceiros após avaliação de desempenho e aceitação do público. Ao mesmo tempo, a resposta do Banco Central e o desenvolvimento do Pix 2.0 definirão o ritmo de adoção de novas funcionalidades no ecossistema de pagamentos brasileiro. A expectativa é que o avanço do Pix em ambientes digitais impulsione ainda mais seu uso como meio de pagamento em operações de pequeno, médio e grande valor.