Boato – Vídeo que circula nas redes afirma que uma mãe pede doações para o filho Lucas, de 6 anos, que teria síndrome do intestino curto e não conseguiria se alimentar.
Análise
Circula nas redes sociais, incluindo por meio de anúncios pagos, um vídeo com forte apelo emocional em que uma mulher narra a história de seu suposto filho, chamado Lucas.
De acordo com o relato, o menino, de seis anos, teria uma condição chamada síndrome do intestino curto e só poderia se alimentar por soro. A mãe diz que vende doces e rifas nas ruas para manter o tratamento do filho, e pede que os internautas colaborem com doações. Junto com o vídeo, há um link para doações via Pix. Leia o texto e a transcrição da história:
Texto: Salve Lucas Você comeu hoje. O Lucas não pode. E não é porque ele não quer… é porque dói. Fica até o fim. A história dele precisa ser ouvida.
Transcrição: tem dia que ele me pergunta Tem como os amiguinhos levam um lanche para escola e ele só soro Ah o nome dele é Lucas tem só 6 anos e não pode comer nada ele tem síndrome do intestino curto e é como se tudo que ele come e passasse direto sem alimentar sem ficar comer dói já faz tempo que a gente vive de hospital de cateter de oração
cada semana sem tratamento ele perde peso perde força e a gente perde tempo e tempo para o meu filho é vida eu tô vendendo doce na rua rifando o brinquedo pedindo mas a verdade é que não é o suficiente hoje com r$ 10,00 a gente mantém o tratamento dele por mais um dia um dia a mais lutando um dia mais sorrindo mesmo sem poder comer sem poder
Checagem
A história gerou comoção e viralizou rapidamente. No entanto, a história não é verdadeira. Na checagem, vamos às respostas para as perguntas: 1) A história do menino Lucas com síndrome do intestino curto é verdadeira? 2) As imagens usadas no vídeo pertencem realmente a uma criança brasileira chamada Lucas? 3) O que acontece se você seguir todos os passos da mensagem e realizar a doação?
A história do menino Lucas com síndrome do intestino curto é verdadeira?
Não há qualquer prova de que o relato seja real. Não há registros públicos, matérias jornalísticas ou campanhas oficiais que confirmem a existência do caso. Além disso, o texto e o vídeo seguem um padrão recorrente em conteúdos criados com ajuda de inteligência artificial, voltados à manipulação emocional para enganar o público.
Vale apontar que, ao contrário do que é apontado no conteúdo viral, há casos em que é possível, sim, se alimentar (no caso de restar mais de 1 metro de intestino delgado) para além da nutrição parental (por sonda). Ainda é possível destacar que não necessariamente há desnutrição por conta da doença como dá a entender a imagem do garoto.
As imagens usadas no vídeo pertencem realmente a uma criança brasileira chamada Lucas?
Não. As imagens atribuídas ao suposto Lucas foram retiradas de contextos totalmente diferentes (o que reforça que não é uma criança com o problema de saúde em questão).
Trata-se, na verdade, de uma foto que circulou internacionalmente mostrando uma criança palestina com desnutrição severa na Faixa de Gaza. A imagem foi publicada por médicos e jornalistas locais, como pode ser conferido em postagens como esta no LinkedIn e esta no Twitter.
O que acontece se você seguir todos os passos da mensagem e realizar a doação?
Se você seguir todos os passos, estará caindo em um golpe. O link leva a um sistema fraudulento que solicita dados pessoais. Em seguida, a pessoa é induzida a fazer um pagamento por Pix com a falsa promessa de que estará ajudando na causa. Golpes similares já foram desmentidos em outros casos, como os que envolviam supostas crianças chamadas Larinha, João, Gabriel e Manu (caso 1 e caso 2).
Conclusão
O vídeo que circula pedindo doações para um menino chamado Lucas com uma síndrome rara é falso. As imagens são retiradas de contexto, o texto foi criado com auxílio de inteligência artificial e o objetivo é enganar pessoas de boa-fé para que façam doações para golpistas.
Golpe ⚠️
Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)