Golpistas criam vaquinha falsa Salve Juliane, que cita mulher que salvou criança em incêndio em Cascavel

Boato – Vaquinha “Salve Juliane” foi criada para ajudar a heroína de um incêndio em Cascavel, no Paraná, que sofreu queimaduras graves após salvar vizinhos e precisava de R$ 130 mil para uma cirurgia urgente.

Análise

A história de uma mãe solo, heroica, que não hesitou em enfrentar chamas para salvar outras vidas comoveu o Brasil. Juliane, de 28 anos, residente em Cascavel (PR), agiu com bravura durante um incêndio, retirando sua filha Clarinha, de apenas três anos, e voltando ao fogo para auxiliar uma vizinha e seu filho, presos no 13º andar do prédio. Seu ato de altruísmo, amplamente divulgado pela imprensa, culminou em ferimentos gravíssimos, deixando 63% de seu corpo queimado.

Em meio à recuperação dolorosa da jovem, que tem emocionado e mobilizado milhares de pessoas em todo o país, uma mensagem específica de arrecadação começou a circular intensamente nas redes sociais e aplicativos de mensagens, supostamente buscando angariar R$ 130 mil para uma cirurgia urgente.

O apelo destaca a dor de Juliane, a perda material da família e a urgência do procedimento que, segundo a comunicação, não seria realizado a tempo pelo SUS, pedindo doações via PIX. Leia texto contido em um site chamado Salve Juliane:

Ela ouviu gritos… e voltou pro fogo! A Juliane ficou com queimaduras graves e hoje não consegue nem abraçar a própria filha. A cirurgia tem um valor que ela e a família não podem pagar, cada ajuda vira um passo real pra ela voltar a ter vida fora do hospital. A História de Juliane Vaquinha criada em: 11/03/2025 O que você faria se ouvisse alguém gritando por socorro… e o único caminho fosse voltar para o fogo? A Juliane fez essa escolha. Tinha acabado de tirar a Clarinha, de 3 anos, do apartamento em chamas.

Entregou a filha para a mãe, mandou os pais descerem. Podia ter ido junto. Mas ouviu a vizinha presa no 13º andar. Com o filho de 4 anos. E voltou. AJUDAR A JULIANE O preço do heroísmo O nome dela é Juliane, tem 28 anos. Mãe solteira da Clarinha. O pai abandonou as duas quando a menina nasceu. Desde então, mora com os pais. Trabalha, cria a filha, luta todo dia. Naquele dia, ela virou heroína. Mas o preço foi o próprio corpo. 83% do corpo. É como se a pele tivesse sido arrancada pedaço por pedaço. Agora, qualquer toque vira dor. Qualquer movimento vira sofrimento.

Qualquer atraso vira risco de infecção, de sequela, pro resto da vida. Vida de hospital, de curativo, de dor. Enquanto isso, a Clarinha pergunta pela mãe. E a Juliane sofre a dor de não poder nem abraçar a própria filha. Cada dia sem a cirurgia, o corpo inflama mais. Cada semana de espera no SUS, o risco de sequela permanente aumenta. A família perdeu tudo no incêndio. O apartamento, os móveis, as roupas. Três gerações que moravam juntas, agora não têm onde morar. Nunca tiveram dinheiro. Agora têm menos ainda. AJUDAR AGORA A cirurgia custa R$130 mil. O SUS não vai fazer a tempo. Mas se 4.300 pessoas doarem R$30, a Juliane faz a cirurgia. R$30. O preço de um lanche.

Mas pra ela, é a diferença entre voltar a abraçar a filha ou nunca mais conseguir. Como ajudar: Clique no botão abaixo Escolha o valor (R$30 = 1 passo mais perto da cirurgia) Doe via PIX em segundos DOAR R$30 AGORA Ela colocou a filha nos braços da mãe, mandou os pais descerem… E voltou pro fogo para salvar uma vizinha e o filho de 4 anos. Agora a Clarinha pode crescer sem mãe. Não porque a Juliane não lutou. Mas porque ela escolheu salvar outra família em vez de si mesma. E agora precisa que alguém escolha salvar ela. SER ESSA PESSOA

Checagem

Diante da comoção nacional e da rápida disseminação da mensagem pedindo doações urgentes para a cirurgia de Juliane, é fundamental analisar a procedência e a veracidade desse apelo específico. Para isso, vamos responder a três questões centrais: 1) Qual é o contexto da história de Juliane, que salvou criança em incêndio em Cascavel? 2) A vaquinha “Salve Juliane” foi criada pela mulher que salvou criança em incêndio em Cascavel? 3) Há formas de ajudar a pessoa de forma legítima?

Qual é o contexto da história de Juliane, que salvou criança em incêndio em Cascavel?

A história da heroína Juliane Vieira, uma advogada que reside em Cascavel, no Paraná, é totalmente real e foi amplamente noticiada por veículos de comunicação como o G1 e a CNN Brasil. O incêndio ocorreu em novembro de 2025. Após garantir a segurança da própria filha e dos pais, Juliane retornou ao local das chamas para resgatar sua vizinha e o filho dela.

O ato heroico resultou em queimaduras de terceiro grau em grande parte de seu corpo. Juliane passou longos períodos internada na UTI, mas felizmente demonstrou sinais de recuperação e comunicação com a família, conforme reportado em dezembro de 2025. A família realmente perdeu bens materiais no incêndio e, infelizmente, a situação de saúde de Juliane requer atenção e recursos.

A vaquinha “Salve Juliane” foi criada pela mulher que salvou criança em incêndio em Cascavel?

Apesar de o texto do boato ser baseado na história verídica de Juliane, a vaquinha “Salve Juliane” com o apelo de R$ 130 mil veiculado pelo site salvejuliane.com é, na verdade, uma página falsa, criada por golpistas que se aproveitaram da comoção em torno do caso. O endereço de e-mail e o contato de PIX divulgados nessa campanha não correspondem aos canais de comunicação da família de Juliane.

Essa é uma tática comum em casos de grande repercussão: criminosos criam sites e campanhas de doação que imitam as reais para desviar recursos de doadores bem-intencionados. É um ato de má-fé que prejudica não apenas as vítimas, mas também a confiança pública nas verdadeiras campanhas de ajuda.

Há formas de ajudar a pessoa de forma legítima?

Sim, existem campanhas de arrecadação legítimas criadas pela família de Juliane, que buscam auxiliar nos custos médicos, na reabilitação e na reconstrução da vida da jovem e de seus pais, que perderam tudo. A campanha oficial e segura pode ser encontrada em plataformas de financiamento coletivo conhecidas, como a Vaquinha Online.

Um exemplo de campanha real e verificada é a intitulada “Juntos pela recuperação da Juliane e Família”, que pode ser acessada através do link: vakinha.com.br/vaquinha/juntos-pela-recuperacao-da-juliane-e-familia. Sempre procure por links de doação divulgados diretamente por familiares nas redes sociais ou por veículos de imprensa confiáveis, evitando clicar em botões de sites desconhecidos que chegam por mensagem. A história da heroína Juliane merece apoio, mas este deve ser direcionado para os canais corretos.

Conclusão

O texto que circula sobre a vaquinha “Salve Juliane” é uma mistura perigosa de realidade e fraude. Enquanto a história da advogada Juliane Vieira e seu ato heroico no incêndio de Cascavel é totalmente verdadeira e comovente, a campanha de arrecadação de R$ 130 mil divulgada pelo site “salvejuliane.com” é um golpe.

Golpistas usaram a narrativa emocionante para criar uma página falsa, desviando a ajuda que deveria ir para a família que realmente precisa. Para auxiliar Juliane e seus familiares, é crucial buscar apenas as campanhas oficiais e verificadas, como as encontradas em plataformas reconhecidas, garantindo que sua doação chegue ao destino certo.

Fake news ❌

Ps: Esse artigo é uma sugestão de leitores do Boatos.org. Se você quiser sugerir um tema ao Boatos.org, entre em contato com a gente pelo e-mail [email protected] e WhatsApp (link aqui: https://wa.me/556192755610)

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