Golpe em Honduras: MP divulga novos áudios sobre fraude eleitoral

O Ministério Público de Honduras e a Unidade de Delitos Eleitorais apresentaram nesta quinta-feira (11) três novos áudios que reforçam a denúncia de manipulação no processo eleitoral hondurenho, realizado em 30 de novembro e ainda sem resultado definitivo divulgado, mesmo após 11 dias de apuração conturbada.

As gravações foram exibidas por Yuri Mora, porta-voz do Ministério Público, que informou que o material será processado e analisado formalmente pela unidade responsável por crimes eleitorais. Nos trechos divulgados, ouve-se uma voz feminina atribuída à conselheira Cossette López, ligada ao Partido Nacional, uma das principais forças da direita no país.

Em um dos fragmentos, a voz fala sobre orientações relativas às atas de votação: “você sabe as instruções. Uma sim, uma não, uma sim, uma não, uma sim, uma não”, em referência ao tratamento dado a documentos do pleito. Em seguida, afirma que “há umas que mandaram ‘manchar’. Essas são as que importam”, indicando preocupação específica com atas que poderiam ser usadas para alterar a contagem ou justificar revisões seletivas.

Outro trecho expõe inquietação com o vazamento de conversas e com denúncias já levadas a organizações de direitos humanos, incluindo o temor de que a situação se converta em investigação por espionagem. No último áudio apresentado, a voz orienta a elaboração de uma explicação sobre credenciais e pergunta o que será dito caso haja questionamento. “Se se chegam a dar conta, estamos perdidas”, conclui.

O episódio se soma a uma sequência de denúncias que vem sendo apresentada desde outubro, quando Marlon Ochoa, integrante do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), entregou ao Ministério Público um dispositivo com 24 gravações. À época, Ochoa afirmou que o conteúdo indicaria uma operação para desacreditar o processo eleitoral de 2025 e produzir uma crise de legitimidade no pós-pleito.

Diante da divulgação, o fiscal-geral do Ministério Público, Johel Zelaya, declarou que continuará acompanhando os trabalhos da unidade especializada e buscou se blindar de acusações de manipulação institucional. “Jamais o Ministério Público vai se prestar para implantar áudios que não são”, disse, sustentando que as gravações são autênticas e que, neste caso, “a verdade chega por si só”.

A crise se desenvolve em meio a ingerência estrangeira sobre o processo eleitoral e denúncias técnicas sobre o sistema de transmissão de resultados preliminares (TREP), alvo de ataque cibernético e falhas sucessivas. No Congresso Nacional, a Comissão Permanente afirmou, na quarta-feira (10), que rejeita validar um processo “manchado” por pressões internas e por vínculos com estruturas do crime organizado, além de condenar declarações e gestos do presidente Donald Trump.

No plano interno, a presidenta Xiomara Castro declarou que o país viveu um processo marcado por ameaças, coação e adulterações, enquanto candidatos da direita também denunciaram “roubo” e tentativa de reverter o resultado. Com a apuração avançada e a exigência de revisão de milhares de atas com inconsistências, o atraso do CNE em proclamar o vencedor aprofunda a instabilidade.

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