O ex-presidente hondurenho, Manuel Zelaya, chamou a mobilização imediata das populações de Tegucigalpa e Comayaguela para denunciarem o “golpe eleitoral” em andamento no país. A convocação aconteceu após a descoberta de irregularidades graves no sistema de transmissão de resultados das eleições presidenciais de 30 de novembro, com a manipulação do código-fonte do software eleitoral.
Segundo Zelaya, o processo fraudulento tem o apoio explícito do imperialismo norte-americano, que, através do presidente Donald Trump, tem interferido diretamente para inviabilizar a vitória da candidata da esquerda, Rixi Moncada, do Partido Livre. Trump chegou a atacar Moncada, acusando-a de “comunista”, numa tentativa clara de deslegitimar sua campanha e garantir o favorecimento dos interesses da direita hondurenha alinhada aos EUA.
Além disso, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) do país entrou em crise após denúncias do conselheiro do CNE, Marlon Ochoa, que revelou alterações não autorizadas no software do sistema de escrutínio rápido, que deveriam garantir transparência e rapidez na apuração. Ochoa afirmou que cerca de 13 mil atas apresentam inconsistências e que houve transferência automática de votos entre partidos, configurando uma “fraude automatizada”.
A presidenta em exercício, Xiomara Castro, anunciou que levará a denúncia do golpe eleitoral à Organização das Nações Unidas (ONU), União Europeia (UE), Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribenhos (CELAC) e Organização dos Estados Americanos (OEA). No entanto, o episódio em Honduras não pode ser visto isoladamente. O uso de golpes eleitorais e manipulação judicial apoiados direta ou indiretamente por países estrangeiros, com destaque para os EUA, tem sido a tendência nos processos eleitorais dos países latino-americanos. Vale lembrar que foi em Honduras, em 2009, que se iniciou a onda de golpes judiciários que posteriormente varreu a América Latina.
Esse cenário revela a política golpista onde tentativas de desestabilizar governos eleitos democraticamente, especialmente os que desafiam o domínio imperialista, tornam-se tendências de estratégias frequentes para manter o controle político e econômico na região. Como em Honduras, outros países da América Latina vêm enfrentando eleições marcadas por essa interferência e fraudes.