O banco de investimentos Goldman Sachs revisou para cima sua projeção de fluxos de fundos para o sul no âmbito das conexões de ações entre o continente chinês e Hong Kong.
A nova estimativa prevê entradas de US$ 110 bilhões em 2025, ante a projeção anterior de US$ 75 bilhões. A instituição aponta como justificativa a maior atratividade das ações listadas em Hong Kong, conhecidas como ações H.
Em relatório divulgado recentemente, o Goldman Sachs destacou que a revisão reflete a melhora nos indicadores das ações H, como crescimento de lucros, avaliações de mercado e rendimentos de dividendos.
Também contribuiu para a nova previsão o aumento do universo de investimentos disponível, impulsionado por empresas recentemente listadas ou em processo de retorno à bolsa de Hong Kong.
Segundo o relatório, os fluxos para o sul tiveram o início mais intenso dos últimos anos e são atualmente o principal canal de capital para o mercado de ações H.
Os dados indicam que investidores do sul realizaram compras líquidas de US$ 78 bilhões no acumulado de 2024, o que corresponde a 75% das entradas previstas para o ano.
Entre os principais setores que receberam aportes estão o de tecnologia com foco em inteligência artificial (IA) e o de ações com alto rendimento de dividendos, que somaram US$ 29 bilhões e US$ 22 bilhões, respectivamente, ou cerca de 65% dos investimentos realizados.
Atualmente, os investidores do sul detêm US$ 577 bilhões em ações listadas na bolsa de Hong Kong, o que equivale a 13% do valor de mercado das ações elegíveis para esses fluxos, acima dos 10% registrados no ano anterior. A participação desses investidores no volume total de transações também cresceu, passando de 17% em 2024 para uma média de 21% no acumulado do ano.
Além do Goldman Sachs, outras instituições financeiras internacionais também revisaram suas previsões para os ativos chineses. Em março, a instituição elevou seu preço-alvo para ações de mercados emergentes, com base na expectativa de que o desempenho das ações chinesas ligadas à IA influencie positivamente outros mercados, segundo informações da agência Reuters.
Xi Junyang, professor da Universidade de Finanças e Economia de Xangai, afirmou ao jornal estatal Global Times que há dois fatores principais por trás da expansão das negociações para o sul.
O primeiro é a avaliação relativamente baixa das ações de Hong Kong, que as torna mais atrativas. O segundo é o volume expressivo de capital internacional que essas ações têm atraído, o que, segundo ele, indica uma tendência de valorização.
A China Galaxy Securities, em nota publicada na segunda-feira, apontou que o compromisso do governo central com políticas macroeconômicas mais ativas pode contribuir para um crescimento estável dos lucros das empresas listadas em Hong Kong.
A instituição citou a incerteza provocada por mudanças no cenário externo como um dos fatores que justificam a atuação mais intensa das autoridades chinesas na estabilização econômica.
Dados divulgados por uma provedora chinesa de informações financeiras mostram que setores como energia eólica, tecnologia, consumo e finanças têm concentrado os investimentos direcionados ao sul. A movimentação reflete a estratégia de diversificação dos fundos e o alinhamento com os setores que vêm apresentando maior crescimento.
Em publicação de 13 de abril, o secretário financeiro de Hong Kong, Paul Chan Mo-po, destacou a disposição da cidade em atrair emissores internacionais para o mercado local. “A cidade já possui um arcabouço regulatório que facilita a listagem dupla ou secundária de empresas listadas no exterior”, afirmou Chan.
O secretário informou ainda que determinou à Comissão de Valores Mobiliários e Futuros e à Hong Kong Exchanges and Clearing Limited (HKEX) que se preparem para a possibilidade de retorno de empresas chinesas de capital aberto no exterior ao mercado local.
“À luz dos recentes acontecimentos globais, instruí a Comissão de Valores Mobiliários e Futuros e a HKEX a se prepararem totalmente para o potencial retorno de ações conceituais chinesas listadas no exterior”, escreveu.
Chan acrescentou que a HKEX deverá intensificar sua atuação nos mercados do Sudeste Asiático e do Oriente Médio com o objetivo de atrair mais empresas de qualidade dessas regiões para listagem em Hong Kong. Ele destacou ainda a importância de captar capital internacional adicional e fortalecer a posição da cidade como centro financeiro global.
Com base nos dados atuais, analistas acompanham a movimentação de fluxos para o sul como um indicador da confiança dos investidores no mercado de Hong Kong e na capacidade da região de consolidar sua posição no sistema financeiro internacional.
O aumento do volume de transações e da participação de investidores do sul reflete o papel crescente dessas conexões nas dinâmicas regionais de capital.
Com informações da Global Times