As aulas ministradas pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) em seu curso “Formação Conservadora” foram detalhadas em um relatório inédito que será lançado nesta quinta-feira (11), no Rio de Janeiro, pela Fundação Heinrich Böll. Com informações do colunista Lauro Jardim, do Globo.
Os jornalistas Andrea Dip e Niklas Franzen, escalados pela entidade vinculada ao Partido Verde da Alemanha, matricularam-se nas aulas online para revelar o conteúdo dos 12 módulos, cujo custo é de R$ 598.
Durante as aulas, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus convidados abordaram temas como “guerra cultural”, “globalismo”, além de questões da realidade brasileira, como o aborto e a comunidade LGBTQIA+, e fizeram críticas a figuras como Paulo Freire, Anitta e Felipe Neto.
Entre os convidados estão os deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Mario Frias (PL-SP), Chris Tonietto (PL-RJ) e Gustavo Gayer (PL-GO), além da senadora Damares Alves (Republicanos-DF).
Os jornalistas observaram que a maioria dos participantes que interagiam via chat eram homens acima dos 50 anos, que se identificam com o bolsonarismo.
Confira os principais pontos discutidos no curso:
- “Guerra cultural” permeia todos os módulos, sendo descrita por Eduardo como um “aparato que a esquerda usa para impor sua ideologia”. Muitas dessas menções são críticas ao filósofo italiano Antonio Gramsci e elogios à Olavo de Carvalho.
- Durante o curso, um dos maiores alvo de Eduardo é o investidor George Soros, que é chamado pelo parlamentar de “bilionário globalista”.
- As aulas abordam o conceito de “globalismo”, descrito como a implantação de políticas internacionais que eliminam “as peculiaridades de cada povo”. “Apenas 5% são homossexuais, então por que implementar uma política que afeta 100% da população?”, disse o influenciador de direita Fernando Conrado aos alunos.
- Numa aula sobre os ideais de família, Damares Alves destaca suas ações como ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos durante o governo Bolsonaro. A parlamentar afirma ainda que nas gestões anteriores havia “erotização de crianças em políticas públicas”, além de “pênis de borracha, professora falando em masturbação para meninas” e “festas com travestis fazendo strip-tease”.
- Eduardo defende o Estatuto do Nascituro e discute o aborto, citando que tem um feto de plástico em casa e que sua filha brinca de “dar comidinha” ao objeto.
- Nikolas Ferreira critica feministas que, na visão dele, usam o aborto como solução para a “libertinagem”.
- Eduardo Bolsonaro também fala de “libertinagem”: “O casamento protege a mulher. Da libertinagem sexual proposta pelas feministas surgem essas paternidades irresponsáveis e o aborto surge como solução”.
- Eduardo também aborda temas como a influência da esquerda no meio acadêmico, descrevendo universidades como dominadas por uma agenda política específica.
- Paulo Freire é criticado por Eduardo e Nikolas como promotor da “destruição da família”.
- Gustavo Gayer diz que o acontece nas escolas também envolvem figuras contemporâneas: “De um lado estão os pais, do outro os professores, a Anitta e o Felipe Neto”.
- Eduardo defende o direito à legítima defesa com armas de fogo, argumentando que é preferível um agressor morto a uma vítima de estupro: “A violência pode ser boa, a violência de legítima defesa. Uma pessoa entra na minha casa e começa a tentar estuprar uma pessoa da minha família. Eu pego minha arma e atiro (…). É preferível um estuprador morto a uma mulher estuprada”.
- Sobre as redes sociais, Eduardo recomenda o uso de plataformas mais alinhadas à direita, como Parler e Gettr.