
Os novos ministros de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e da Saúde, Alexandre Padilha, tomam posse nesta segunda-feira (10) com desafios estratégicos para a eleição de 2026. Gleisi terá a missão de articular alianças políticas para a campanha presidencial, enquanto Padilha buscará dar maior visibilidade ao Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), iniciativa que sua antecessora, Nísia Trindade, não conseguiu consolidar.
No domingo (9), em um sinal do tom combativo que pretende adotar, Gleisi criticou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nas redes sociais, acusando-o de “bajular” Donald Trump e apoiar taxações impostas pelos Estados Unidos que podem prejudicar exportações brasileiras.
“Bolsonaro não deve ser tão burro assim, mas pensa que a gente é. E não perde a mania de mentir e bajular seu ídolo estadunidense. Nosso país é o Brasil e é aqui que ele vai responder por seus crimes”, afirmou Gleisi em seu perfil no X, antigo Twitter.
Vamos desenhar pra ver se Bolsonaro entende: quem paga a conta do aumento de taxas dos produtos importados que Trump está anunciando é o consumidor dos Estados Unidos, porque tudo fica mais caro lá. Essa guerra tarifária prejudica primeiro quem compra, porque vai ter de pagar…
— Gleisi Hoffmann (@gleisi) March 9, 2025
Como substituta de Padilha na articulação política do governo, a nova ministra assumirá embates diretos com a oposição e ocupará um espaço que ficou vago desde a indicação de Flávio Dino ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2023.
Dino, enquanto ministro da Justiça, protagonizou duros confrontos com o bolsonarismo. No entanto, a postura incisiva de Gleisi gera preocupação em setores do governo, especialmente em relação a possíveis atritos com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Nos últimos dois anos, enquanto presidia o PT, Gleisi criticou algumas medidas econômicas defendidas por Haddad, o que pode reacender tensões internas.
Apesar disso, auxiliares de Lula avaliam que o presidente buscou ministros com um perfil mais enérgico para mobilizar a militância. Além de coordenar a base política do governo, Gleisi terá papel fundamental na construção de alianças para 2026, seja para uma possível candidatura à reeleição de Lula, seja para a escolha de um nome para sua sucessão. A aliados, ela tem afirmado que sua prioridade será a articulação política, sem interferir nas decisões econômicas.
Padilha e a busca por visibilidade na Saúde
A escolha de Padilha para o Ministério da Saúde também foi motivada pela necessidade de mais protagonismo na área. Ex-ministro da pasta no governo Dilma Rousseff e responsável pela implementação do Mais Médicos, Padilha assume com a missão de dar mais destaque às políticas públicas da Saúde, algo que Lula considera ter sido falho na gestão de Nísia Trindade.
O governo avalia que o Programa Mais Acesso a Especialistas, lançado em abril de 2024, ainda não teve o impacto esperado na redução da fila de consultas e exames no Sistema Único de Saúde (SUS). Antes da troca na pasta, Lula cobrou reiteradamente Nísia sobre a demora no atendimento especializado.
Além disso, há a percepção de que o nome do programa não gerou conexão com a população. Por isso, auxiliares do Planalto estudam rebatizar o PMAE para torná-lo mais acessível e popular.
Outro desafio de Padilha será melhorar o relacionamento da Saúde com o Congresso. Sua antecessora enfrentava críticas de parlamentares que apontavam dificuldades na liberação de emendas. Com mais experiência em articulação política, o novo ministro deve atuar para evitar desgastes na base aliada e reforçar o diálogo com o Legislativo.
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