A deputada Gleisi Hoffmann (PR), presidenta nacional do PT, e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), vice-líder do governo no Congresso, responsabilizaram o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, pela alta do dólar, que nesta terça-feira (2) bateu a casa dos R$ 5,70. Os parlamentares afirmaram, na tribuna da Câmara, que ele poderia ter utilizado a política cambial para barrar a subida da moeda norte-americana, mas não o fez.

“O dólar alto, nessa especulação, não é contra o presidente Lula, isso é contra o país”, denunciou Gleisi. “É clara a postura de sabotagem do presidente do BC contra o Brasil. É um ataque especulativo contra o real”, completou Lindbergh.

Para Gleisi, o mercado, que está nervoso com o dólar alto, deveria cobrar do presidente “bolsonarista” Campos Neto, que fizesse alguma coisa, “porque o Banco Central faz política cambial”, sugeriu. Ela indagou ainda os motivos de o presidente do BC não ter operado para evitar a alta do dólar. “Por que não entrou operando no swap? Por que não entrou vendendo dólar? Quando pode fazer isso para não deixar a moeda estourar?”, questionou.

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E o deputado Lindbergh relembrou que Campos Neto, no governo Bolsonaro, vendeu US$ 70 bilhões das reservas cambiais para intervir no câmbio e agora está de braços cruzados. “Eles querem comprar uma crise, é isso o que está acontecendo. Não faz sentido. O Brasil tem US$ 350 bilhões de reservas cambiais. Ele poderia fazer swap cambial e ele sabe que o dólar alto pode puxar a inflação. É o compromisso maior do Banco Central é a estabilidade monetária”, afirmou. E acrescentou que a atitude de Campos Neto é “uma ação deliberada”.

Especulação

A presidenta do PT fez questão de relembrar que foi Campos Neto que começou essa especulação, dizendo que o governo federal tinha que fazer arrocho fiscal. “As nossas contas estão equilibradas. Nós não precisamos fazer arrocho fiscal. As contas estão corretas. Mas ele especulou e fez o dólar subir. Quem está ganhando? O mercado. E ele também está ganhando. E ficam todos nervosos”, criticou.

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Para Gleisi é preciso parar de fazer drama e especulações contra o País. “Nós precisamos que o Banco Central aja no mercado, sim, para não deixar o dólar estourar. E o presidente Lula tem que falar as verdades. Não queiram que ele faça ajuste em cima do povo brasileiro, dos mais pobres. Ele não vai mexer no aumento real do salário mínimo e nem vai desvinculá-lo da Previdência. Ele vai preservar os pisos da saúde e da educação”, afirmou.

Ainda segundo a presidenta do PT é preciso colocar o orçamento público a favor do povo. “E precisamos, com urgência, mudar essa política do Banco Central, que, em vez de olhar para o desenvolvimento do Brasil, olha apenas para o mercado. Campos Neto é um atraso para este País. É ele que faz mal ao País. É ele que faz o dólar subir”, acusou.

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Economia positiva

Lindbergh e Gleisi citaram os dados positivos da economia brasileira. Eles destacaram que a inflação chegou a 12% em abril de 2022 no governo Bolsonaro. No ano passado caiu para 4,62%. Agora, no acumulado de 12 meses, está em 3,93% e eles pararam de baixar a taxa de juros. Taxa de desemprego atingiu nesse último trimestre de maio a menor taxa desde 2014, com 7,1%. Foram criados, de janeiro a maio, 1 milhão de empregos a mais, no ano passado havia sido 2,9 milhões de empregos. A renda domiciliar per capita teve alta de 11,5% e a renda do trabalho dos brasileiros teve alta de 11,7%. O aumento do salário mínimo real chegou a 6% em 2 anos com a retomada da política de valorização do salário mínimo e houve o aumento da isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos.

Os parlamentares petistas citaram dados do Boletim Focus — um boletim do mercado que o Banco Central usa para decidir sobre os juros. A publicação dizia, no início de 2023, que a economia cresceria apenas 0,65% e que a inflação, em 2023, fecharia em 5,36%. No final de 2023, o PIB, sob o governo Lula, cresceu 2,9%, e a inflação caiu para 4,62%. Agora, em janeiro de 2024, o Boletim Focus dizia que o PIB cresceria apenas 1,5% e que a inflação seria muito superior a 4%. No acumulado de 12 meses até agora em 2024, já tivemos um crescimento do PIB de 2,5%, e a inflação acumulada está em 3,93%.

Política de sabotagem

Para Lindbergh, os números reais da economia vão prevalecer. “O mercado quer desestabilizar o Governo Lula. Não vão conseguir, porque os números reais da economia vão se impor. Agora é importante, e eu chamo a atenção deste Parlamento para que haja uma reação, porque é claramente uma política de sabotagem. Esse Campos Neto trabalha para o Governo Lula dar errado. É uma ação orquestrada por parte do mercado financeiro, estimulada por esse presidente do Banco Central”, criticou.

E a deputada Gleisi reforçou que a perspectiva da economia brasileira é muito positiva. “Eu não consigo entender por que o mercado fica nervoso, e a mídia fica nervosa junto.  Então, queira a mídia, queira o mercado, queira Campos Neto, queira quem quer que seja o presidente Lula não vai mudar. O compromisso dele é com a maioria do povo brasileiro. E é esse compromisso que ele vai manter. E nossa bancada, o Partido dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, estará com o presidente Lula, dando-lhe todo o apoio que ele merece e do qual precisa”, assegurou.

Os deputados Alfredinho (PT-SP), Bohn Gass (PT-RS), Marcon (PT-RS) e Welter (PT-PR) também discursaram criticando a política monetária do Banco Central.

Do PT Câmara

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Última Atualização: 02/07/2024