O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou, na madrugada desta quarta-feira 16, uma semana de greve de fome. Ele está acampado na Câmara desde o início da manifestação, na madrugada do último dia 9, em protesto contra o processo de cassação de seu mandato.
O processo foi aberto depois que o psolista expulsou, aos empurrões, um integrante do ‘Movimento Brasil Livre’ que foi ao prédio da Câmara para ofendê-lo e atacar outros deputados, em abril de 2024. O pedido de cassação foi feito pelo Partido Novo.
Glauber iniciou a greve de fome horas após o Conselho de Ética da Câmara ter aprovado, por 13 votos favoráveis e cinco contrários, a representação do partido de extrema-direita contra o parlamentar, recomendando a perda do mandato. Glauber pode recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) antes de o caso chegar ao Plenário da Câmara, responsável pela decisão definitiva.
Se aprovada a cassação, Glauber Braga será o primeiro deputado federal da história do Brasil a perder o mandato depois de denúncia de agressão, mesmo com um largo histórico de episódios fartamente documentados. Até mesmo o relator do processo contra o psolista, Paulo Magalhães (PSD-BA), já foi flagrado dando socos e chutes em um jornalista dentro da Câmara.
Desde o início do protesto, Glauber recebeu visitas de parlamentares, ministros do governo Lula, representantes de centrais sindicais, militantes políticos, artistas e outras pessoas. Houve, inclusive, manifestações inesperadas, como a do líder do PL (partido de Jair Bolsonaro) na Câmara: o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) se disse contra a cassação.
Aliados de Glauber tentam costurar uma saída que garanta a manutenção do mandato do deputado. Conforme apurou CartaCapital, o todo-poderoso ‘Centrão’ já deixou claras as condições: quer que o psolista grave um vídeo com pedido de desculpas ao ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a quem Glauber atribui o avanço do processo de cassação.
Segundo a equipe de Glauber, ele tinha perdido ao menos quatro quilos até a manhã de terça-feira 15. Além disso, apontava sinais como dores de cabeça e desconforto na região da barriga. Por conta das condições de saúde debilitadas, ele tem passado por exames de sangue frequentes, todos os dias.
“Tô me alimentando diariamente da solidariedade de vocês. Muito obrigado pelas mensagens bonitas, pelos livros, pelas flores, pelos vídeos, pela mobilização, por tudo… Não posso calar porque luto com aquelas e aqueles que têm fome de justiça”, escreveu o deputado, em postagem na rede social X, antigo Twitter, ainda na terça-feira 15.