Durante um jantar-debate na quarta-feira (17) no restaurante Cícero Bistrot, em Lisboa, Portugal, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), contou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chorou na sua frente em uma reunião na época da pandemia.
Ele relatou ter sido convidado pelo então mandatário para um encontro na residência oficial, num sábado pela manhã. O líder da extrema-direita, que discordava das medidas de isolamento e fechamento do comércio impostas por estados e municípios, mostrou a Gilmar vídeos no WhatsApp.
“Ele pegava o celular, abria o WhatsApp e me mostrava vídeos”, recordou o ministro, afirmando que Bolsonaro dizia: “Olha só, tem esse cara aqui que vai ter que fechar a lotérica, e não pode”.
Mendes relembrou que, em um determinado momento, os assessores saíram da sala do ex-presidente, que caiu em lágrimas ao desabafar sobre suas angústias.
“Ele ficou falando sobre como estava difícil, sobre como era atacado, da família, e, lá pelas tantas, se pôs a chorar”, detalhou. O magistrado comentou que, na ocasião, respondeu: “Senhor presidente, a vida é difícil mesmo”.
Ao Estadão, Bolsonaro confirmou o encontro e admitiu que se emocionou ao falar com Mendes. Ele relembrou que discutiu a família, a facada que sofreu durante a campanha eleitoral e as dificuldades enfrentadas até chegar à Presidência da República, ressaltando ter garantido a Gilmar que o general Braga Netto gerenciaria a crise pandêmica.