O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, fez críticas à atuação da Lava Jato, além de comentar sobre possíveis ações da CIA no andamento da operação em questão: “Imaginava que seria teoria conspiratória, mas hoje eu já não sei se são”. As declarações ocorreram durante entrevista à RDMNews.
(…)RDMNews: A ação da Lava Jato, ao longo do tempo se provou, tinha também como meta atingir as instâncias máximas do Poder Judiciário. Como o senhor viu isso? Podemos supor que a Lava Jato era uma expressão de uma revolução fundamentalista?
Gilmar Mendes: Eu acho que eles começam, talvez, com uma visão mais modesta, ou localizada. Mas todos os episódios que permitiram essa ascensão surgem: debilidade do sistema político, que eles vão verificando; o grande apoio que eles galvanizam na sociedade como um todo a partir do apoio da mídia e tal; o combate à corrupção tinha a ver também com uma certa frustração geral que havia na classe média com o não desenvolvimento. Nós saímos para um desenvolvimento de 5%, 6% para decréscimo; recessão e tal. Então, logicamente, começam esses desvios. E o movimento cresceu, tanto que vocês têm símbolo. Curitiba começa a dizer quais são as medidas de combate à corrupção, as tais dez medidas e coisas do tipo. Assume também a competência enorme nesse contexto. Obviamente, o Judiciário, nós passamos a ter enormes dificuldades em função de todo esse quadro aí. Nesse quadro ela [a Lava Jato] passa a ser uma entidade, que todo mundo dizia ‘essa decisão não pode ser tomada assim porque contraria a Lava Jato’. O próprio Supremo Tribunal Federal é engolfado nessa onda e se passa a criticar [a conduta e as ações dos ministros da Suprema Corte]. O tribunal [STF] tinha tomado uma decisão, que não foi devido à Lava Jato, mas a uma revisão-geral que foi a segunda instância. A ideia de permitir a execução penal com o julgado na segunda instância e eles passaram a usar isso, em Curitiba, porque prendiam em primeiro grau, deixavam a pessoa presa provisoriamente, depois o [Tribunal Regional Federal do] Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, confirmava e isto já era decisão definitiva. E qualquer tentativa de revisão nos tribunais superiores era considerada como algo e com algum vilipêndio. Então, nós passávamos a viver …(…)
(…)RDMNews: Ao invés de devolver para a União, eles queriam se apossar dos recursos?
Gilmar Mendes: Isso. Para vocês verem, é como se eles fossem, veja, pensavam eles “nós vamos produzindo essa devolução e nós temos que…” Como se fossem advogados que tivessem direitos a honorários, que eles mesmo calculavam e imputavam. Então, isso é um dado bastante curioso. E outras coisas que hoje são bastante conhecidas. Isso eu falei com o Moro até quando ele veio aqui. As empresas… e aí tem teorias conspiratórias, que eu imaginava que seria teoria conspiratória, mas hoje eu já não sei se são. Talvez sejam muito factíveis. A prestação de serviço, o distrato norte-americano, depois de tirar as empresas brasileiras do cenário internacional, construtoras e outras e tal. Ele quebra as empresas com estas medidas todas e entrega a administração à Alvarez & Marsal…
RDMNews: Que depois ele, Sérgio Moro, vira consultor?
Gilmar Mendes: Que é uma empresa americana que passa a administrar as empresas brasileiras e depois ele encontra emprego na Alvarez & Marsal, nos Estados Unidos. Veja, eu até perguntei: “Moro, como o juiz Moro julgaria o papel agora do advogado Moro? Esse caso é de corrupção?”. Então, vejam vocês, e aí o que isso fala também? Fala de uma falha do sistema judicial como um todo. Nós não tivemos o Conselho da Justiça Federal [apurando isso], não tivemos o CNJ, nós não tivemos a corregedoria do TRF-4 funcionando nesse caso.
RDMNews: Deixaram passar, não é?
Gilmar Mendes: Isso de alguma forma foi passando, né?(…)
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