Decano do Supremo Tribunal Federal, o ministro Gilmar Mendes rejeitou comparações entre seu colega de toga Alexandre de Moraes e o ex-juiz Sergio Moro, hoje senador pelo União Brasil.
O magistrado deu a declaração neste sábado 12, durante sua participação 11º edição da Brazil Conference, ao refutar a alegação – frequentemente utilizada por bolsonaristas – de que Moraes estaria violando o devido processo legal ao julgar no qual também seria vítima.
“Não há justificativa para ele [Moraes] ser afastado, uma vez que ele já era relator desses inquéritos e depois dos inquéritos que se agregaram. Ele não é suspeito, não está impedido, não está julgando no seu interesse. Não se pode nem de longe compara Alexandre com Moro. Moro, de fato, se associa ao Bolsonaro“, afirmou Gilmar.
No painel em Harvard, o ministro do STF fez duras críticas a Moro e à Lava Jato, afirmando que se orgulha de ter “contribuído para o desmanche da operação”. Para ele, o que havia em Curitiba era uma “organização criminosa”.
Inicialmente favorável à força-tarefa de Curitiba, o decano do STF reconsiderou sua posição ao longo dos últimos anos, tornando-se um crítico da operação na Corte.
O ministro ainda provocou risos na plateia ao contar que disse ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em determinada ocasião que o maior acerto de seu governo pode ter sido tirar Sérgio Moro de Curitiba e “devolvê-lo” ao “nada”.
“Eu vou um dia ao Palácio do Planalto e encontro Bolsonaro. Bolsonaro diz: ”Ministro, a gente errou muito. Fizemos muita besteira. Você vê, eu nomeei o Moro”. Eu falei: “Presidente, talvez seja o seu maior acerto. Primeiro, ter nomeado o Moro, depois ter devolvido ele ao nada”.
Gilmar ainda refutou as críticas de que o STF estaria extrapolando suas funções e praticando “ativismo judicial”.
Ao comentar uma colocação recorrente de que os 11 ministros do Supremo são mais comentados do que os 11 jogadores da seleção, brincou: “Todos sabem que a seleção brasileira não está indo muito bem”. Em seguida, disse que não concorda com a análise de ativismo. Segundo ele, o problema está na incompreensão das competências da Corte.