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O ministro Gilmar Mendes, decano do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que o relatório da Polícia Federal, que embasou a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, indica uma coordenação intensa e “proximidade, inclusive, de execução” dos crimes de tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito.
Mendes criticou a tolerância do Exército com os acampamentos que antecederam os atos antidemocráticos de 8 de janeiro, reforçando que esses eventos estão diretamente ligados à articulação golpista, conforme apontado pela PGR. “Foram eles que deram assentimento, forneceram luz, forneceram água para essas pessoas”, afirmou o ministro.
Em entrevista ao Estadão, concedida antes do envio da denúncia ao STF, Gilmar Mendes rebateu as alegações de Bolsonaro sobre perseguição política. O ex-presidente tem defendido essa tese, inclusive em reunião com o relator da OEA, Pedro Vaca. “Isso não existe. A rigor, o presidente foi eleito, disputou uma segunda eleição, a reeleição, e perdeu dentro de um ambiente absolutamente democrático”, enfatizou.
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Sobre a possibilidade de um projeto de anistia para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, que poderia beneficiar Bolsonaro, Mendes descartou a viabilidade da proposta. Ele argumentou que alguns crimes são “muito próximos do terrorismo” e, por isso, não deveriam ser contemplados.
O ministro também comentou sobre as críticas ao STF e as tentativas de restringir seus poderes por meio de projetos que tramitam no Congresso. Para ele, o debate faz parte da democracia e, caso haja alguma medida que limite a independência do Judiciário, a questão será analisada pelo próprio STF. “Essas questões serão submetidas ao próprio Supremo Tribunal Federal, que apreciará”, destacou Mendes.
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