Por Leonardo Silva**, em perfil de rede social
Arce conquistou duas vitórias concomitantes nessa quarta-feira (26) e se consolidou como a principal liderança política boliviana.
A primeira disputa – a mais evidente – é sobre a ameaça golpista mal articulada por setores das Forças Armadas.
Sucesso pode deixar em segundo plano uma situação de desaceleração econômica, fuga de dólares e aumento do descontentamento popular. Alcançou posição inédita desde que chegou ao Palácio, em novembro de 2020.
A segunda vitória se dá numa luta interna entre a esquerda, centrada no Movimento al Socialismo.
Desde que voltou ao país, Evo busca desconstruir Arce e se recolocar como liderança absoluta do partido. Episódio extremamente grave foi sua articulação no interior da agremiação, que resultou na expulsão de Arce. Estava pavimentada a volta pretensamente triunfal do ex-líder cocalero, tirando seu ex-aliado do jogo.
Pois agora, Arce conquista uma imagem pública oposta à de Evo: ele passa a ser o presidente que resistiu ao golpe, ao contrário do outro, que fugiu diante da ruptura reacionária de 2019.
Apesar de ser cedo para sentenças definitivas, a investida do general Zuñiga não conseguiu tirar o presidente do poder, mas pode ter derrubado um ex-presidente.
* Leonardo Silva é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do ABC.